AMBIENTE DE TRABALHO
É na faculdade que você efetivamente começa a travar conhecimento com pessoas bem diferentes de você, pois acontece nesse momento acadêmico uma verdadeira babel de origens, aparece gente de todos os cantos da cidade e ainda alguns migrantes da periferia imediata.
A maioria das pessoas acha que estudar em escola pública desde a mais tenra idade já propicia uma experiência de diversidade cultural, o que não é verdade, pois a proximidade do local de residência homogeniza esse universo de estudantes, e essa característica pode ser estendida para toda Educação Básica.
Mas a diversidade social vai despencar como um temporal na sua cabeça, quando finalmente você é inserido no mercado de trabalho. Como estagiário você dá os primeiros passos nesse novo ambiente, que daqui para frente vai consumirá a maior parte do seu tempo útil da fase adulta.
Como seus vínculos são ainda tênues em relação a esse mundo laboral, em tese você recebe um tratamento meio café com leite, pessoas até te ouvem, mas sempre com certo distanciamento, até porque, boa parte das empresas usa o estagiário, se aproveitando de sua formação e paga muito pouco por isso, quando remuneram esse esforçado aprendiz de feiticeiro.
Finalmente, você consegue se graduar, e se der a sorte de conseguir emprego, será considerado júnior na instituição, ou seja, deverá levar a muito sério um velho ditado chinês: “Se temos dois ouvidos e apenas uma boca, isto indica, que devemos sempre falar menos e escutar mais”.
Enquanto novato você será quase um soldadinho nas Forças Armadas, ou seja, atender sem pestanejar a demanda daqueles mais experientes. O problema surge, quando você começa a discordar desses pedidos, principalmente aqueles sem fundamento teórico ou lógico.
E agora José? Uma confusão já está à vista, pois do alto de seu tempo de serviço, muitos colegas acreditam piamente, que atingiram o Nirvana, e a verdade se atrelou definitivamente a sua pessoa, não aceitando interferências de novatos.
Pronto, agora você vai viver as contradições desse fértil ambiente de disputa por poder, onde a sabedoria popular resumiu no ditado: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Como o tempo, você habilmente vai aprendendo a navegar nesse muitas vezes inesperado mar de situações, onde a busca insana pelo poder, transforma colegas de longa data em inimigos recentes.
Para alegria de alguns e tristeza de outros, o serviço público mostra toda sua versatilidade, quase que com data certa. A cada quatro anos, caso o prefeito não consiga se eleger acontece à dança das cadeiras, que alguns acham ter identificação com a roda gigante, ora você pode estar por cima, ora você pode estar por baixo.
E isso vai perdurar, pelo menos no serviço público, até que você pendure as chuteiras.