Reflexos da alma
Há algo mágico na maneira como o sol pinta o mundo ao meu redor, como se eu fosse regida pela luz radiante. No entanto, basta o tempo mudar, o inverno se instalar, e a névoa envolver tudo, para que eu me veja imersa em pensamentos e sentimentos que parecem ressurgir de tempos distantes.
O amarelo, tão vibrante e reconfortante, é a cor que adorna minha jornada, mas, curiosamente, é na mudança de estações que me vejo confrontada com um eco do passado. Uma saudade sutil, não de pessoas, mas de momentos que parecem pertencer a outra vida, cujos fragmentos tão distantes impossibilitam-me de pô-los em ordem. Agora, fragmentos de sensações e emoções emergem como fantasmas do tempo, teimando em se fazer presentes em minha realidade atual. A névoa é chave que abre portas para lembranças que estavam adormecidas, e assim, eu a observo.
Tão calma e intrigante, recria, ao meu redor, a ideia de suspensão do tempo, como se o mundo estivesse pausado apenas para mim, essa pausa na realidade, é um convite a uma experiência única e totalmente atemporal. E me pego pensando: seria possível que em outro momento, em um capítulo anterior da minha existência, eu tenha sido o oposto do que sou hoje? Será que a essência solar que agora me define foi precedida por uma versão mais sombria de mim mesma, como as sombras projetadas no chão ao entardecer?
A nostalgia sussurra em meu ouvido, uma melodia suave que ecoa nas profundezas da minha alma. E enquanto o frio do inverno abraça o mundo lá fora, eu me perco nos recantos do meu ser, buscando compreender esses lapsos de sentimentos que insistem em ressurgir por meio do déjà vu. Talvez, em meio à névoa do passado, eu nunca encontre pistas que me conduzam a uma compreensão mais profunda desse sentir.
Por hora, apenas o déjà vu, esse fenômeno intrigante, é a ponte entre o agora e o outrora, uma ponte construída de instantes que desafiam a lógica do tempo. Por mais que eu tente, a névoa do passado guarda seus segredos com zelo. Assim, eu me encontro dançando na fronteira do que foi e do que será, o significado oculto das lembranças indistinguíveis que insistem em ressurgir.