Poesia e Guerra
ESTAMOS vivendo um final de ano. Um ano marcado por acontecimentos que mexeram com todas as pessoas. No mundo todo. Desnecessário listar todos, mas o acontecimento mais grave foi sem dúvida a guerra, a carnificina na Faixa de Gaza, na Terra Santa.
É difícil, portanto, ser otimista nos festejos de fim de ano. Não dá pra ficar feliz e nem segurar a indignação e revolta com o sofrimento de inocentes e crianças feridos e assassinados na Terra Santa pelos nazistas judeus.
Prefiro daqui do meu cantinho rezar e buscar na poesia um lenitivo para minorar meu desalento. Hoje vou transcrever parte de um poema de Drummond (Receita de Ano Novo):
“Não precisa/ fazer lista de boas intenções/ para arquivá-las na gaveta. / Não precisa chorar arrependido/ pelas besteiras consumadas/ nem parvamente acreditar/ que por decreto de esperança/ a partir de janeiro as coisas mudem/ e seja tudo claridade, recompensa,/ justiça entre os homens e as nações./ liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, / direitos respeitados, começando: pelo direito de viver./ Para ganhar um Ano Novo/ que mereça esse nome./ você, meu caro, tem que merecê-lo, / tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil / mas tente, experimente, consciente./É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre”.
Uma receita arretada do poeta. William Porto. Inté.