CARTA DE DESPEDIDA

Estou aqui mais uma vez tentando despir minh´alma dos sentimentos que não agradam-me. Nada tenho certeza, apenas que a versão que ora traveste-me, não me apetece. Quisera ter o poder de transformar-me na leveza da humanidade. Humanidade no sentido mais semântico que possa existir, qual seja, bondade, delicadeza, empatia, solidariedade e equilíbrio, enfim, sentir-me mais próximo de Deus, mais humano.

Logo, despeço-me do mau homem, do descontrolado emocionalmente, das más emoções que se instalam sobre minha alma, calcadas nas minhas frustrações abomináveis que transfiguram o mínimo de humanidade que ainda possa habitar em mim. Meus mais sinceros arrependimentos!

Não sentirei tua falta, mal sentimento, apenas desejo que parta sem que olhes para trás - no mesmo instante que aguardo - espero ansiosamente o bom sentimento da paciência, até mesmo quando todos quiserem te atacar com as estacas da arrogância e do malfazejo, zombando da trilha da verdade, querendo que cegues para a equidade, afastando-te do “correto”, fica calmo e controlado, em prol da tua sanidade mental.

Outrossim, o que seria “o correto”? Pensas que apenas tu andas por este caminho? Até nunca mais arrogância! Não consertarás o mundo. Adeus descontrole! Olha para trás e vedes quão longo fora este caminho que percorrestes, e fizestes sofrer a pessoa mais importante para ti, por nada, durante tua jornada. Em nome das tuas frustrações e decepções não consegues enxergar com a razão, apenas a emoção te invade visceralmente, lançando-te cegamente no abismo dos disparates, das manifestações transloucadas, das inconsequências pusilânimes e radicais que te assolam.

Talvez tenham sido vãs às tentativas de se libertar deste homem mau, mas sempre há esperança para aqueles destemidos - que não se deixam abater – reconhecendo suas fraquezas. Por isso, quero dar-te adeus ao invés de até logo, até breve ou até mais, espero nunca mais te encontrar novamente. Ao perceber a mínima presença deste ser, farei o possível para passar direto, chamando o homem da bondade e paciência, fazendo reverência ao equilíbrio emocional.

Pois é! Preciso encontrar o meu “EU” equilibrado emocionalmente, porque sei que sozinho não consigo me despedir. Entretanto, sei que consigo enxergar àquele que é sensatez e equilíbrio. Quanto mais me aproximo dele, me afasto do outro desequilibrado. A minha pior versão está indo embora para nunca mais voltar. Se por um acaso insistir em voltar, farei de conta que nunca o conheci, passarei direto sem qualquer aceno.

Assim, quero despedir-me daquele que me faz mal para nunca mais voltar, mesmo sabendo que não será fácil, vez por outra ele virá ao meu encontro, porém, farei de tudo para não querer dar trela àquele que me faz tão selvagem. Não reconheço-me quando ele habita em mim. Adeus, homem mau! Abro mão da verdade e das convicções, pois sei que te comportas diferente diante das tuas frustrações. Nunca mais quero te encontrar, desequilibrado! Farei tudo para que tu nunca voltes! Contarei até mil, se preciso for, para que o equilíbrio e a bondade se instalem permanentemente dentro de mim.

Adeus, homem mau!

Sejam bem vindos, paciência, equilíbrio e sensatez!

Um viajante da vida, tentando compreender-se.

Vandilo Brito
Enviado por Vandilo Brito em 19/12/2023
Código do texto: T7957497
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