Reflexões de uma Velha Senhora - (BVIW)
Sou ansiosa e agitada, confesso. Daquelas pessoas que querem tudo para ontem, que não toleram atrasos. Os ponteiros do relógio são meus mestres e senhores. Relaxar é palavra desconhecida. Sentar-me à frente da televisão sem um “trabalhinho” nas mãos é algo impensável.
Mas a velhice chega. O corpo se rebela e não obedece mais ao pensamento.
A natureza é sábia! Tive que aprender a dizer “não” e a reconhecer – e sobretudo aceitar – meus limites e limitações.
Aposentei-me. Foram mis de cinquenta anos de vida profissional. O relógio permanece no pulso porque gosto de saber as horas à moda antiga e não pelo celular. Mas já não quero nada para ontem: espero para amanhã, ou depois, ou depois. Imaginem, até me recosto no sofá de mãos vazias, curtindo um filme na tevê! Dou-me ao luxo de sentar-me à varanda para tomar um café, sem fazer mais nada.
E não é que estou gostando desse meu novo estilo de vida, o do “dolce far niente”?!
Lu Narbot
Tema: A arte de não fazer nada (Crônica)