Sonho Impossível
SEMPRE que estou triste, bambo, mole. Sobretudo quando me bate a revolta devido as dores do mundo (há mais dores no mundo que estrelas no céu) , especialmente as desigualdades e as guerras, eu recordo uma música, ela não é brasileira, é uma composição de Joe Darion e Mitch leight, da peça “O Homem de La Mancha”, traduzida por Chico Buarque e Rui Guerra. É Sonho Impossível. Que foi magistralmente interpretada pela Rainha Maria Bethânia. No CD, antes de cantar a música arretada e emotiva, ela declama um texto de Fernando Pessoa: “Tenho uma espécie de dever, de sonhar sempre, pois, não sendo mais, que um espectador de mim mesmo, tenho que ter o melhor espetáculo que posso. Assim me construo a outono sedas, em salas supostas, palco falso, cenário antigo, sonho criado entre jogo de luzes brandas e músicas invisíveis”. E logo depois ela canta a canção;
“Sonhar/ Mais um sonho impossível/ Lutar/ Quando a regra é vender/ Sofrer a tortura implacãvel/ Romper/ A incabível prisão/ Voar/ num limite improvável/ Ticar/ I inacessível chão/ É minha lei. é minha questão/ Virar esse mundo/ Cravar esse chão/ Não me importa saber/ Se é terrível demais/ Quantas guerras terei que vencer/ Por um pouco de paz/ Amanhã, se esse chão que eu beijei/ For meu leito e perdão/ Vou saber que valeu delirar/ E morrer de paixão/ E o mundo vai ver uma flor/ Brotar do impossível chão”.
Navegar é preciso…, Sempre. William Porto. Inté.