UM FINAL DE DIA INESQUECÍVEL

Estamos a seis mãos produzindo um trabalho que tem como tema, o histórico da mortalidade infantil na cidade do Rio de Janeiro. O estudo surgiu a partir da montagem de uma coletânea de dados iniciada lá no distante limiar do Século XX.

Aos leigos, devo informar que a ciência médica ainda engatinhava, pois vacinas anti-inflamatórios e antibióticos ainda não faziam parte do cardápio oferecido pelo mundo da saúde.

Naquele momento, morria-se muito cedo, preferencialmente no primeiro ano de vida, e a expectativa média de vida do brasileiro era de trinta anos. Claro, que alguns privilegiados conseguiam chegar aos cinquenta anos, mas poderiam ser considerados como casos especiais de longevidade.

Ontem reservei o iniciozinho da noite, para levar adiante um convite especial para uma pesquisadora, que depois de muita observação da realidade infantil, entendeu como poucas profissionais de saúde, o comportamento das doenças em crianças, dentro de seu papel de pediatra.

A ideia inicial seria convidá-la para fazer a apresentação desse livro, recentemente concluído. Coube a mim, a visita a Meri Baran, em sua residência no badalado bairro do Leblon, zona sul carioca.

Como nos conhecíamos de longa data, e ultimamente trabalhamos em paralelo na construção de nossas biografias, me senti bem a vontade de fazer esse pedido especial.

Antes de qualquer ação objetiva, nos atualizamos em relação aos pontos de vista desse conturbado momento da realidade internacional, onde figuras nefastas como Putin e Netanyahu tomaram conta do cenário internacional, cada um tentando explicar o inexplicável, à sua maneira atabalhoada de tocar a política externa de seus respectivos países.

Não bastasse essas maluquices nesse tradicional palco histórico, que tem o Mar Mediterrâneo como referência geográfica. Parece que ações atabalhoadas contagiaram também os extremos da América do Sul. Figuras patéticas como Maduro e o recém empossado Milei prometem bagunçar a calmaria do continente, que desde golpes militares do século passado, vem conseguindo preservar a paz e chegaram a assinar tratados internacionais de comunhão de interesses como o MERCOSUL.

Em seguida, retomei a descrição da futura publicação, apresentando a ex Superintendente de Saúde da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, o passo a passo na elaboração do estudo, que teve como motivação a série histórica de nascimentos e óbitos de menores de um ano, que se inicia em 1900 e se estende ao ano de 2020.

A partir dessas informações, buscamos fatos marcantes na vida da cidade, para assim melhor contextualizar os dados. As políticas de Saúde e de Assistência Social ao longo do período ajudam também na explicação da trajetória de queda contínua da taxa de mortalidade infantil, ao longo dos cento e vinte anos da série histórica. O uso de quadros, tabelas, gráficos e fotos complementam a exposição de fatores que ajudam na interpretação da diversificada realidade vivenciada ao longo do período.

Agora, chegara à hora da Meri falar, e relembrar sua trajetória como profissional de saúde da segunda mais importante capital brasileira. E como vibrou ao me relatar suas atitudes em prol da população suburbana.

Numa das gestões passadas, a prefeitura foi à bancarrota, e o funcionalismo sem receber seus proventos por cinco meses, que optaram pela greve, que coincidiria com uma campanha de vacinação. Enquanto diretora de um centro de saúde convocou sua assessoria a furar a greve, e assim cumprir seu dever cívico, em uma campanha de vacinação contra a Poliomielite, aquela da gotinha, que evitava a paralisia infantil.

Nem mesmo o horário de funcionamento desse posto foi respeitado, a diretora conseguiu reforço de vacinas, e levou a imunização até as 21 horas, ou seja, todos que se dirigiram ao posto receberam sua eficaz dose da vacina.

Em outro momento, teve um insight, ao assistir crianças desnutridas virem a óbito, depois de algum período de internação. Lembro ao leitor, que naquele momento ainda não existia controle das infecções hospitalares, e claro, para segmentos mais frágeis da população, internar significava em muitos casos acelerar a deterioração da saúde do paciente.

Segundo Meri, quando ela passou a impedir a internação de crianças desnutridas, finalmente óbitos cessaram. Mais tarde, algumas terapias alternativas, como o soro caseiro, tiveram papel importante, evitando muitas mortes por desidratação.

Resumo da ópera sugeri a Meri, que redigisse uma apresentação praticamente independente da publicação, onde o objeto passa a ser a experiência dela, que de alguma forma contribuiu também para a redução de mortes infantis, e claro, também gerou reflexos diretos na queda da taxa de mortalidade infantil.

Agora, só resta concluir este pequeno detalhe de suma importância, para que esta tão aguardada publicação, pelo menos entre as seis mãos que se misturam por três formações distintas: um estatístico, uma médica e uma assistente social, para levar adiante esse projeto especial.

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 18/12/2023
Código do texto: T7956837
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