O Nosso Fusca de cada dia
Naquele sábado estávamos almoçando, quando Adevaldo chegou de sua casa, jogando a chave do fusca em cima do Júnior e pedindo, pra ele, levá-lo ao terminal rodoviário pra viajar à Brasília. Essa descomunal atitude, deixou os meninos bastante animado, afinal o carro iria ficar com eles naquele final de semana, onde com toda a certeza iriamos badalar a noite com aquele fusquinha branco.
Assim sendo, enquanto a tia colocava o almoço do Adevaldo e ele ia tomar um banho. Ginoca, Betoca e Vum, mais que depressa correram pra lavar e perfumar o carro. Júnior limpava por dentro, Higino limpava por fora e Betoca limpava os tapetes.
Num tempo recorde, o carro estava limpinho e cheirosinho, pronto pra ser usado. Com a cabeça cheia de planos os meninos estavam nas nuvens e quando o Adevaldo já estava pronto pra ir ao terminal, ele até se assustou, com o carro limpo e cheiroso , no entanto, logo alertou:
- Vocês vão ficar com o carro, mas cuidado por ai. Nenhum de vocês tem carteira.
Rindo a toa, a turma com a cabeça concordou. É claro, que a aquela altura ninguém ia querer estragar aquele final de semana, que melhor não poderia estar começando.
No caminho o tempo e o vento controlavam as horas, a fita k7 rolando no som, tornava o dialogo silencioso. A apreciar a paisagem e a conter a euforia, o imprevisto veio pela chuva, que já molhava a capital.
Higino, Junior e Betoca deixaram o Adevaldo no terminal rodoviário e voltando pra casa, com os planos acesos na cabeça, de como seria aquela noite mesmo com a chuva a delatar cuidado. Podia-se ver a alegria na face deles, cantando mesmo sem compreender o inglês a musica, que tocava no momento.
Foi então, que voltando pra casa, a poucos metros do terminal rodoviário, o sinal amarelou se mostrou e eles com todo o cuidado pararam.
A rua estava deserta, quando os três olham pelo retrovisor e percebem outro carro ainda distante vindo com certa velocidade, na direção do fusca, mas não deram atenção e continuaram a fazer planos.
Acontece, que o motorista do outro carro vinha embriagado, perdeu o controle do seu veiculo, freou na chuva, mas não pode evitar o acidente . O carro bateu por trás, na hora o fusquinha parado no sinal, deixou de funcionar. Betoca, que estava atrás, com aquela intuição ainda olhou o retrovisor de dentro do fusca e se preparou para o choque. Quase voando por cima de Júnior e Ginoca, conseguiu se segurar .
Nada de grave aconteceu com os ocupantes dos veículos, apenas o motor do fusca não respondia, porque o motor, que fica atrás, com o choque ficou sem vida.
No desespero das horas Júnior, saiu do carro e ligou a cobrar, num telefone público pro tio Ademar vir resolver, porque os três não tinham carteira de motorista e dessa forma, segundo a lei do transito iriam perder a razão.
Logo se juntou pessoas, o rapaz visivelmente alcoolizado já falando com um guarda de trânsito, quando num cinco minutos o tio já estava ali pra resolver, se colocando a frente, enquanto Júnior se evadira do local, e Higino e Betoca já molhados da chuva, como dois pássaros no fio só lamentavam a noite perdida.