EU SEMPRE USEI BERMUDA E CHINELOS!

 

 

VALDIR RANGEL

 

 

Comigo foi sempre assim, na adolescência não desprezava a minha bermuda, e os meus chinelos, que depois vim a chamá-los de sandálias, e uma camiseta sem mangas, de preferencia azul, fui um jovem sem luxos (como dizia a minha querida mãe).

Fiz as travessuras permitidas a um jovem, na faixa dos quinze aos vinte e alguns anos.

Aprendi no meu percurso, que a vida é movida por interesses, e competições, que coisa lamentável, mais como se diz hoje “fazer o quê”!

Descobri que o amor assume varias formas, e se modifica em várias etapas da nossa existência, que o dinheiro compra tudo (quase tudo) é verdade! Mais o que ele não consegue comprar, ele aluga ou toma emprestado.

Assim, eu vivi a minha fase de adolescente, me deliciando em uma bicicleta monark branca, quadro forte, e barra circular mod. 74, eu circulava tranquilamente nas ruas, que hoje, só conseguimos andar com carros blindados acompanhados de seguranças.

É menino! O tempo mudou, não sei se eu saberia ser um jovem hoje, sem puder ter os costumes daquela época, cadeiras nas calçadas, passeios nas praças com uma menina do bairro. Sem medo da AIDS, e sem o pavor das ruas.

As noites daquela época, realmente era uma criança, ninguém tinha a maldade e a crueldade, os poetas nasciam em feixes, com as anotações poéticas em seus cadernos de oito matérias, havia segredos dos amores escolares , e elegíamos a nossa musa, e passávamos horas e horas sonhando com o seu sorriso, com o seu corpo, com os seus lábios.

O barzinho era um espaço sagrado, uma espécie de templo dos deuses da mitologia! Que fase bela, aquela minha!

Cabelos longos bem penteados com o Trim. Nos domingos perfilados nas filas dos cinemas, esperávamos por Django e Bruce Lee, que nas telas nos ensinavam que o mocinho sempre vencia. Ou tempo bom, o flamengo era o mais querido, a canarinha era seleção de futebol respeitada por todos. Que saudade daquele tempo, que saudade da minha bermuda Lee e do meu par de chinelos...