Aqueles finais de semana

Sexta-feira, fim de tarde, já estava todo alegre, porque sabia, que a qualquer hora estava chegando o meu primo Betoca. Vinha numa aventura chamada Djalmão-(ônibus da mesma linha do Sacramenta Nazaré), em branco e verde, que por falta de manutenção e fiscalização dos órgãos competentes, quase sempre ficava pelo caminho, mas que o transportava do Telégrafo para o Umarizal.

Assentado no sofá, assistindo Zorro, já podia imaginar com a ânsia a me avisar, que ele com a sua sacolinha descia no mercado de Santa Lúzia e vinha certeiro descendo a Bernaldo Couto, passando pela Dom Romualdo de Seixas, pela padaria Cinco de Outubro, pela rua Dom Romualdo Coelho e avançando até aqui. Como sempre por a carinha dele pela janela a dizer :

- Oi tia.

Com a cara mais lambida possível e em resposta ouvir a mamãe dizer:

- Hã...tu já veio!... Espero que tu te comportes bem.

Enquanto eu feliz, em vê-lo corria a porta para recepcioná-lo e dirigi-lo ao nosso quarto fantástico, onde dormia eu, ele e o Júnior meu irmão. As aventuras como num cardápio, logo já vinham na mente... Ameixeira, papagaio, carrinho de rolimã, futebol na rua com chuva, no sábado de manhã e á tarde, aventuras pelos quintais atrás de frutas, tênis de mesa, time de botão, goleiro nos gols do fantástico, carrinhos de ferro e se desse, írmos pra Marituba, brincar no igarapé da casa da dona Leonilde.

Esse leque de opções, parecia interminável e aqueles finais de semana, quando começavam a gente não via o fim. Mas quando esse momento chegava, era de dar dó. Ele não querendo ir e eu querendo que ele ficasse. Mas a realidade se expunha de outra forma e todos as vezes ele se ia, quase chorando, eu com os nossos amigos ficávamos na saudade.