Despedidas

Minha mãezinha não gostava despedidas. Doíam muito a ela. Aliás, a própria palavra "despedida" tem seu quê de dor, sofrimento, eliminação da esperança de voltar a ver quem nos despedimos. (Estou vendo a última foto da Terra; o sofrimento que isso me causa é de uma dor indescritível; "Nós somos sozinhos por natureza, W. Acostume-se ou irá sofrer mais do que o necessário.")

Foram 46 anos de convivência e aprendizado. Uma longa jornada para a maioria das pessoas. Mas alguns segundos ao lado dela, na minha visão do mundo. 4.6 décadas de aprendizado. Não aproveitei muito não. Queria ter ficado mais um pouco com ela. Cerca de mais duas décadas. Amigos dela se recusaram a se encontrar com ela poucos dias antes de partir. Os mesmos amigos não foram ao velório nem ao sepultamento. Eu me desliguei deles – uma vez que alguém te evita, jamais procure por essa pessoa novamente. Outra coisa importante: parente não é família. Família é quem vive sob o mesmo teto. Brigando, fazendo as pazes... Mas sob o mesmo teto. Quem se separou não é família. É parente – e só.

Faz três meses de sua partida. Estou me adaptando à coisa toda. Já tenho uma rotina, só falta agora ir pegando o jeito da coisa.