O ônibus já passou?
Saí o mais depressa possível da lanchonete, já estava passando do horário. Meu Deus! Que horas era aquela? Doze e pouco da tarde. Nossa! Caminhei o mais depressa que pude, pra minha sorte a parada ficava a menos de setenta metros de onde costumo embarca no ônibus. Ao chegar lá encontrei um senhor, perguntei-o sobre o ônibus:
— Boa tarde! O ônibus já passou?
— Boa tarde! — Respondeu-me. Ele tinha na expressão do seu rosto uma tristeza
confundível. — Passou agora a pouco, se tivesse chegado a poucos minutos atrás, tinha o pegado. — Deu um sorriso.
A garganta seca me fez ir à uma banca próxima a parada, comprar uma água. Comprei. Voltei. Trouxe dois copos caso o meu "amigo" do rosto triste quisesse também. Ofereci, mas ele recusou. Agradeceu-me. Passou uma topique, com o cobrador sinalizando que iria para a minha cidade.
— Você não vai? — Perguntou o senhor.
— Não, esse pessoal da topique nos leva como se estivessem levando sardinhas. — caímos na gargalhada. O que era verdade, já que eles faziam mesmo isso. Intupiam a topique de gente e não paravam, se fossem por eles, colocariam passageiros até nos pneus.
— O que é proibido, né. — Disse ele, abrindo um sorriso.
— Sim. — respondi. Também sorrindo.
Que conversa hein, aquilo foi ótimo. A conversa com um desconhecido que eu acabara de conhecer, foi muito mais instigante e interessante que com muitos amigos que tive. Ficamos calados por uns minutinhos, até a chegada do ônibus do meu amigo passageiro. Lá se vinha ele, o ônibus.
— Meu ônibus já está vindo. — Disse-me ele.
— Sim. Até mais. Faça boa viagem — Nos despedimos com um aperto de mão.
—Obrigado! Igualmente!
Quando ele ia entrando no ônibus, senti algo dentro de mim. Seria saudade? Saudade por alguém que eu acabara de conhecer? Estranho. Vi-o pela janela, abaixou a cabeça para olhar no celular, o ônibus saiu e foi indo, indo, indo até desaparecer da vista. Porém me confortei logo depois. Afinal, meu amigo era passageiro. E eu também.