AINDA VOU RELER O TEMPO E O VENTO

Há uma obra prima da Literatura Brasileira que eu sempre pensei em reler: O TEMPO E O VENTO, de Érico Veríssimo. É uma série, composta de sete volumes: O Continente 1 e 2; O Retrato 1 e 2 e O Arquipélago 1, 2 e 3.

Eu li ainda na adolescência, em 1990, e hoje não sei se teria fôlego para enfrentar a empreitada, afinal são mais de mil páginas.

Mas a série tem personagens inesquecíveis, entre os quais se destacam Ana Terra, Capitão Rodrigo Cambará e Bibiana Terra Cambará.

Nesses livros, Érico Veríssimo traça um painel histórico da formação do Rio Grande do Sul, começando com as Reduções Jesuítas e terminando no tempo do Estado Novo de Getúlio Vargas, sempre focando nos personagens da família Terra - Cambará e em seus inimigos políticos, os Amaral.

A primeira parte da série, O Continente, foi filmada duas vezes. A primeira em 1985, numa minissérie para a Rede Globo, dirigida pelo gaúcho Paulo José e contando com atores consagrados como Tarcísio Meira (Capitão Rodrigo), Glória Pires (Ana Terra), Lima Duarte, Armando Bogus, entre outros.

A segunda adaptação foi em um filme de 2014, dirigida por Jaime Monjardim e tendo como principais intérpretes, Thiago Lacerda (Capitão Rodrigo), Marjorie Estiano (Bibiana jovem), Fernanda Montenegro (Bibiana idosa) e Cléo Pires (Ana Terra).

Assisti parte da minissérie na época e há uns dois anos pelo YouTube. O filme eu assisti em DVD.

Na minha humilde opinião, a minissérie é muito superior, pelo investimento na caracterização da época e pela interpretação dos atores, destacando se Tarcísio Meira, Glória Pires e Lilian Lemmertz no papel de Bibiana.

Quanto ao filme de 2014, achei fraco, apesar de ter sido roteirizado por Tabajara Ruas e Letícia Wierzchowski (autora de A casa das sete mulheres) e apesar da presença de Fernanda Montenegro no elenco. Mas isso é uma opinião pessoal, que em nada desmerece o filme. Este, sempre vale uma audiência. Esteve no catálogo da Netflix, mas creio que não está mais. Em todo caso, sempre merece ser procurado e assistido, principalmente para quem é gaúcho ou leu O Tempo e o Vento.

Érico Veríssimo foi um escritor prolifico, que escreveu em diversos gêneros, mas se destacou no romance. Além de O Tempo e o Vento, escreveu outros romances famosos como Olhai os lírios do campo e Incidente em Antares, este também adaptado para a TV.

É pai do genial escritor Luís Fernando Veríssimo, o melhor cronista do nosso cotidiano.

A obra de Érico Veríssimo continua sendo reeditada (atualmente pela Companhia das Letras) e merece ser lida, seja pela construção habilidosa dos personagens ou pelas tramas sempre bem amarradas e muitas ainda atuais.

Ainda está nos meus planos reler o Tempo e o Vento. Já reli Ana Terra (que eu achei na geloteca) e fiquei tentado a roubar um exemplar de Um Certo Capitão Rodrigo do cofre da Biblioteca Pública, numa ocasião que fui assistir um filme da sessão Cine no Cofre.

Com certeza não roubei nem roubaria o livro. Mas Érico Veríssimo é um autor que sempre vale a pena ser lido, relido e debatido.