Fernando Pessoa tinha razão: o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,/
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia/
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia[...]” - Fernando Pessoa
Acho que finalmente entendi o que Fernando Pessoa quis dizer. O Rio Tejo, majestoso em sua grandiosidade, superava o modesto rio de sua aldeia, sendo amplamente reconhecido, tal como o Rio Tietê. E nesse processo de transição, meu coração se ressente ao contemplar a lagoa serena da Unicamp. O Tejo não é mais belo que o rio da minha aldeia, porque a beleza é algo pessoal e profundo, algo que envolve diretamente as raízes da minha existência.
A mudança, embora traga novas paisagens, é também um lamento silencioso pela perda do que eu amava. A dor dessa mudança torna-se uma ponte entre o que era e o que é, uma melodia melancólica que ressoa em cada onda do Tietê, relembrando-me das águas paradas que marcam a essência de quem sou.
“Pelo Tejo vai-se para o Mundo./ Para além do Tejo há a América/ E a fortuna daqueles que a encontram.”(PESSOA, 1914)
Assim como o Tejo conduz Pessoa a destinos longínquos, o Rio Tietê me leva pelos caminhos do meu futuro em São Paulo. Mas, meu coração fica dividido, uma vez que a fortuna que encontro nas margens do Tietê é apenas uma sombra da riqueza afetiva que permanece em Barão Geraldo. As águas do Tietê sussurram promessas de um amanhã incerto, mas meu coração, em sua quietude, pertence à tranquilidade da minha Campinas, onde cada rua é um poema, e cada esquina, uma história que um dia ressoou.