Autobiografia

Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. Sou aquilo que perdi. Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura. Posso dizer que nasci em São Paulo e que uma das virtudes do carioca é não ser paulista. E como brasileiro, não tenho motivos pessoais ou históricos para a autoestima.

Trabalho muito para o meu desenvolvimento cerebral e aprendi que não posso compará-lo com o abdominal. Nunca tive dinheiro para poder ter tédio à vontade. Sou ateu, mas li a Bíblia que diz: 'Amai o próximo', que poderia significar deixe-o em paz.

Certa vez, tentei levar o mundo nos ombros, no entanto, mal suporto o peso do meu maço de cigarro. Lembrei de um amigo, que passou a tricotar a fim de fumar menos. Mas logo teve de voltar a fumar, para conseguir parar de tricotar. Nada nos humilha mais do que a coragem alheia. E sim, pitar faz mal à saúde. A verdade é sempre um abismo. O indivíduo bem equilibrado é insano e toda coerência é, no mínimo, suspeita. O ser humano pode ter todos os defeitos, menos o da imparcialidade; a consequência é que a dúvida vira autora das insônias mais cruéis. Não sou genioso, difícil é encontrar quem reconheça isso.

Pessimista sou e levo vantagem sobre o otimista, afinal fico feliz quando acerto e erro. Lamentável, não é? Uma ironia! É que homem é o único animal que ri. E é rindo que ele mostra o animal que é. Invejo a burrice, porque é eterna. A burrice difere da ignorância. A ignorância é o desconhecimento dos fatos e das possibilidades. A burrice é uma força da natureza. Por isso acredito na energia que reside o silêncio. Não me venha dizer que sou arrogante, se fosse um pouquinho mais humilde, eu seria perfeito.

Os grandes homens são sempre solitários e eu, não tenho par neste mundo. Posso viver sem a grande maioria das pessoas. Elas não me completam, me esvaziam. E desconfie da admiração, mas não de um ódio. O ódio é sempre sincero. O canalha nunca se acha canalha, se acha de uma bondade insuperável. Não há inimigo insignificante. Todo inimigo é uma potência. O amigo trai na primeira esquina. Ao passo que o inimigo não trai nunca. O inimigo é fiel. O inimigo é o que cuspirá na cova da gente. Não há admiração mais deliciosa do que a do inimigo.

Assim, concluo estas inadequadas linhas, que quanto menos se acreditar na vida, menos se tem a perder. O homem não está condenado à morte, está condenado a viver; o sentido da vida é que ela termina. O escritor argelino Albert Camus escreveu: só há um problema filosófico na vida verdadeiramente sério: é o suicídio. Mas todas as minhas tentativas de suicídio foram um fiasco. Eu vivia abrindo as janelas e fechando o gás.

*Nada do texto acima é original, são de escritores que admiro e as palavras que fazem jus a minha Personalidade.

Ednilson Valia
Enviado por Ednilson Valia em 12/12/2023
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