bons tempos - BVIW
Vou passar meu atestado de antiguidade por culpa do tema da semana, mas meu consolo é que muitos entendedores entenderão. Na minha infância, tínhamos uma televisão que era um verdadeiro móvel. De madeira, com pés compridos como uma mesa, eu continuo achando que seu design era extremamente elegante. Só havia quatro canais. Lembro de às vezes assistir um programa da TV Excelsior, muito popular nesses idos anos sessenta: as lutas de telequete. Era mais uma encenação do que propriamente uma luta, não havia uma violência descomedida. Um lutador em especial, fazia meu coração bater mais forte: o Ted Boy Marino, louro, com uma franja armada tapando a testa, eu o achava simplesmente um "pão", como se dizia naquele tempo. Lembro-me especialmente de uma maneira de golpear as orelhas, com as mãos em concha, que se chamava "telefone". Éramos quatro irmãos que gostávamos de simular o que se passava na TV, de ser Ted Boy Marino e Fantomas, e usando nas lutinhas __ sem o conhecimento da minha mãe, é claro__ o golpe do telefone sem misericórdia uns nos outros. Perigoso, sim, mas felizmente nunca houve consequências trágicas, talvez porque, sendo uma brincadeira de imitação, não usássemos de muita força nessas lutas. Esse programa era tão amplamente visto na época, que minha mãe, apartando as nossas brigas infantis __ essas, sim, sem nenhuma simulação __ dizia: "Vamos parar com esse telequete aí!!!!".