O LABIRINTO DA CARGA HORÁRIA
Francisco de Paula Melo Aguiar
A quem interessa o labirinto da carga horária do "novo" Ensino Médio em (des)construção desde 2017 na formação geral obrigatória?
Entenda-se por labirinto o termo constituído por um conjunto de percursos intrincados criados adredemente com a intenção de desorientar quem os percorre. Isso mesmo, porque quem vai percorrer o novo Ensino Médio que se oferece na escola pública que se tem? Os pobres.
Infelizmente é esse o "novo" que se tem para oferecer aos estudantes que embarcaram nos itinerários formativos dos cursos já oferecidos nos sistemas: SENAC, SESI, SESC, etc, já implantados pela iniciativa privada desde a década de 40 do século XX, pura qualificação de mão de obra. É isso que o Estado quer generalizar para acabar com o sonho de quem quer ter um curso superior e fazer mestrado e doutorado.
Na realidade a máscara vai cair quando a sociedade exigir de fato e de direito, a liberdade de ensinar e de aprender sem algemas do Estado Brasileiro em querer modelar o que os pobres devem estudar para não se igualar aos ricos que estudam nos EUA, na Europa, etc, quando não, nas melhores escolas particulares no próprio Brasil.
Por que diminuir a carga horária da Educação Básica nas disciplinas tradicionais: Português e suas literaturas; Historia Geral e do Brasil; Geografia Geral e do Brasil; Biologia; Química; Fisica; Matemática; Uma língua estrangeira moderna (inglês, francês, espanhol, etc), únicas disciplinas capazes e reparatórias para fazer o ENEM - Exame Nacional de Ensino Médio para ingressar na universidade brasileira?
Os itinerários formativos e badalados ( seria melhor dizer que filhos de pobres devem fazer apenas os cursos de nível médio profissional do tipo: torneiro mecânico, eletricista, balconista, etc) no novo Ensino Médio, são pedras de tropeços nas vidas dos estudantes que sonham em fazer os cursos superiores, por exemplos: medicina, direito, engenharia civil e quando muito pedagogia, em pé de igualdade de concorrência com os alunos que estudam em colégios particulares no Brasil e ou em qualquer parte do mundo.
O Projeto de vida que trata o texto do novo Ensino Médio, envolve o emocional do alunado que não tem o tempo livre para ficar "internado" durante oito horas diárias na escola pública que o Brasil tem sem a mínima estrutura de funcionamento em termos físicos e humanos.
E até porque: "Tudo na vida pode ser escrito se você tiver a coragem de fazê-lo e a imaginação para improvisar. O pior inimigo da criatividade é a insegurança ", ex-vi o pensamento de Sylvia Plath.
A cultura de que o novo Ensino Médio é o ideal é tão velha quanto o pensamento da aristocracia da escravidão que o povo pobre nunca dela se livra.
Quais itinerários formativos do novo Ensino Médio que serão aproveitados no ENEM?
Tem muita fala e pouco "rasto" no "novo" Ensino Médio com carga horária mínima daquilo que é reconhecido como ciência via tais disciplinas tradicionais e insubstituíveis nos países de primeiro mundo nos cinco continentes.