São Gonçalo em crônicas: árvores e lembranças da Rua Dezesseis
Num cantinho especial do sertão paraibano, onde as memórias se misturam com o calor da terra, embarcamos numa viagem encantadora ao passado. Época de mudanças, com engenheiros americanos desenhando casas sob o sol forte, dando forma ao acampamento de São Gonçalo, município de Sousa-PB, na longíqua década de 1920.
Essas casas não eram apenas moradias, eram verdadeiras obras de arte arquitetônicas que desafiavam o tempo. Sem muros separando, jardins na frente, essas residências exalavam modernidade, com água encanada, luz elétrica e saneamento básico, um verdadeiro refúgio de conforto para os funcionários e suas famílias.
Entre as árvores frutíferas, com goiabeiras, mangueiras e cajueiros, a vida no acampamento se desenhava sombreada e generosa. Uma sinfonia de avanço e infraestrutura tocando nos lares daqueles que moldavam o destino desse pedaço de sertão. E nas ruas, desde as autoridades nas vias nobres até os cassacos nas casas mais simples, o acampamento se fragmentava, cada rua com sua própria história.
A Rua Dezesseis se destacava nesse cenário, inicialmente lar de engenheiros e feitores, depois abrigando encarregados e administradores. Uma rua que ecoava o pulsar social e funcional do acampamento, testemunhando a evolução ao longo das décadas.
As árvores da Rua Dezesseis, testemunhas de tantas histórias, foram mudando, assim como os postes de concreto que iluminavam as noites. A evolução silenciosa, no entanto, não tirou o encanto da avenida, que ainda vive nas memórias dos moradores mais antigos, como um livro de crônicas repleto de lembranças.
Assim, entre fícus e postes de concreto, São Gonçalo se torna o palco de uma crônica viva, onde cada rua sussurra suas próprias histórias, e as casas contam segredos de uma era que persiste nos detalhes de suas paredes e nas raízes profundas que se entrelaçam com o sertão.