INTERFERÊNCIAS LITERÁRIAS

Sinceramente, nem sei bem, se essa seria uma comparação pertinente, mas é o que me veio à cabeça nesse momento. Como venho me dedicando com afinco a duas futuras publicações, nem tem passado pelos meus pensamentos, essa atividade que me é agora corriqueira, o simples ato de escrever. Toda atenção nas três últimas semanas se voltou, para essa desgastante e complexa tarefa de focar na revisão textos.

Mas é aquela coisa, mesmo consciente dessa relação direta, e mesmo todo mundo estando cansado de saber disso, vale afirmar que leitura e redação andam sempre de braços dados, uma auxiliando a outra e vice versa, numa fértil comunhão de saberes. Entretanto, nada disso foi capaz de me auxiliar na produção, e infelizmente, acabei sem inspiração para teclar novas histórias, essa terapia sadia, que exerço hoje com prazer.

Bom, como tudo na vida necessita de equilíbrio, aliás, o que tem me faltado nesse curto e recente período, ficando em vias de quase me afogar, neste oceano de letras, vocábulos e porque não, parágrafos, destas intermináveis leituras.

Essa leitura compulsiva, não no sentido doentio da palavra, mas da forma de encarar os textos, onde fica claro, que a coerência existe, porém esse objeto de trabalho é bem mais complexo, exigindo de cada parágrafo lido, uma percepção especial, onde se questiona um espectro que vai das palavras repetidas, e passa pela letrinha subtraída de algum termo, que muitas vezes nossos dedos não teclam, e que aliado a nossa prodigiosa mente, consegue suprir automaticamente pequenos deslizes, sem acionar o alarme que indica algum problema.

Concluir uma revisão de cem pequenos textos por mim redigidos gera dois pontos interessantes a serem aqui destacados: primeiro facilita muito a leitura, você conhecer bem não só o conteúdo apresentado, e também a forma de redigir do autor. Por outro lado, a chance de pecar também fica patente, e isso resulta da falta de distanciamento em relação ao objeto. E olha, que o passar do tempo, pode até minimizar essa influência, agora eliminar jamais.

Aí, não tem jeito, você vai mesmo precisar do apoio de um profissional da área das letras. Então, vai fatalmente cair em uma cilada literária, ou seja, até que ponto esse profissional conseguirá entender seu gingado textual, ou mesmo o humor empregado, que em algumas vezes faz o texto, ou mesmo um parágrafo dar uma derrapada, se aproximando muito do politicamente incorreto, e o pior, de forma proposital.

Como então conviver com sugestões desse profissional das letras? Se ele não perceber o espírito da coisa, e sair fazendo intervenções, que se aceitas na íntegra descaracterizarão por completo o corpo textual.

A coisa complica de vez, quando esse fiscal literário, não consegue conter seus possíveis dotes de escritor e então, se atreve a propor alterações na ordem dos parágrafos, e não satisfeito com as intervenções, ainda se dá ao luxo de sugerir a retirada de algum parágrafo, ou um maior desenvolvimento de outro, isso tudo em restritos textos, com média de exíguas duas páginas.

Assim, você precisa apreender em tempo recorde como conciliar, e ainda tentar sobreviver às tais interferências literárias, que sempre exigirão uma paciência especial, e isso se repetirá, enquanto você tiver fôlego, e conseguir juntar material necessário para compor uma nova publicação. E olha que nem toquei assunto finanças!!!

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 11/12/2023
Código do texto: T7951512
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