Rascunho
Quem sabe a vida pudesse ser como um cochilo depois da piscina, calmaria.
Faz tempo que não me coça o espírito, acho que fiquei dormente de uns anos pra cá. Parece que as palavras me fogem, de tão ensaiada que me tornei, perdi um pouco a graça de ser eu, quase nem sei quem sou.
A risada inesperada, o grito fora de hora, tudo isso se perde em uma falta de tempo absurda que me corta até o direito de ser o que posso ser. Sou o que devo ser e não tenho muita escolha.
Nesse estardalhaço de falta, frequento o mesmo cenário mil vezes, a minha mente tenta sobreviver meio aos comandos que me prendem aqui, embora eu não queira estar. É difícil ter que aguentar na esperança da melhora, acho que é isso que vem me matando.
A ânsia por aquilo que posso, mas não alcanço.
Às vezes sinto que vou me acabar em loucura, nunca vi tamanha profundidade em problemas que parecem rasos, a minha cabeça é inventiva até demais.
Nunca aprendi a boiar, sabe? Me disseram que é preciso relaxar, confiar e deixar que a água leve.