LEMBRANÇAS DE NATAIS
FRAGMENTOS
Lembranças de natais
A estradinha de chão cheirando a pêssegos, serpenteava entre a mata rala até a porteira que dava para a olaria São Francisco .
Dezembro trazendo expectativas e o pessoal com um dinheirinho a mais nas guaiacas.
Dona Dida , minha mãe, caiando a casa, cantarolando com o rádio ligado, tia Nena preparando compotas, tia Flora costurando camisas novas " pros piá de casa ", vó Maria arquitetando as fornadas de bolachas que faria ( vai que os parentes de Monte Alegre " resorvam de aparecê ") garrafas e rolhas de cortiça prontinhas à espera das cervejas caseiras , eu...ali no quintal espiando o nada e sonhando com o impossível.
Afinal era dezembro ! E aquele sol de dezembro , sempre diferente,pintava manhãs em cores especiais.
Das muitas lembranças que tenho daquela época, uma delas era a "procissão" de mulheres, esposas dos operários da olaria , cruzando em frente a nossa casa.
Vinham do armazém do senhor Stefaniak, feito formiguinhas, com sacos às costas abarrotados de compras para o natal .
Sorriam e acenavam alegres ao piá da dona Dida (elas gostavam do meu cabelinho encaracolado).
Debruçado entre os desvãos da cerca aramada eu correspondia aos acenos enquanto o grupo das formigas era engolido mata a dentro.
Da casa uma mistura de vozes , do rádio e dona Dida, chegavam aos meus ouvidos:
"Bate o sino, pequenino//sino de natal..."