GUERRAS: GANÂNCIA HUMANA

 

            Entra ano e sai ano, todos os dias o sol nasce e se põe e o homem continua o mesmo, ambicioso, arrogante e infiel. Quando estudamos a história das civilizações, não nos deparamos com grandes diferenças. Não importa qual o período a que possamos nos referir, seja a antiguidade, a idade média, a idade moderna ou a idade contemporânea, as terríveis ações humanas não causam espanto, elas apenas se renovam nas pessoas.

            As civilizações, parecem ser movidas pela a ambição. As lutas travadas entre povos são sempre motivadas por interesses notadamente econômicos, embora outros aspectos possam estar presentes. No Egito antigo, os embates ocorriam na caminhada em busca de terra. A anexação da Núbia pelo Egito, a invasão do Egito pelos hicsos, o domínio do Egito sobre o Oriente Médio, a tomada do Egito pelos persas são exemplos da ganância humana na Idade Antiga.

            Na Idade Média a civilização feudal embora recheada de ricos castelos e belas princesas, foi palco de muitas conquistas, dentre as quais a tomada de Roma pelos germanos e o ataque a Constantinopla pelos turcos, que marcam o início e o fim da idade medieval, cognominada de idade das trevas, pela falta de conhecimento e opressão contra os povos.

Já a Idade Moderna traz as conquistas mediante o desenvolvimento da navegação, com os espanhóis e portugueses. Durante o processo de expansão, os espanhóis adentraram as terras descobertas nas Américas, travando um sangrento processo de conquista e dominação, formando um grande império colonial pela cobiça e força das armas. Os portugueses lideraram o caminho na exploração de novos territórios  e na construção de um império global, baseado na exploração dos índios e na escravização dos negros africanos.

            Na Idade Contemporânea vimos as conquistas napoleônicas de grande parte da Europa, as duas grandes guerras mundiais, a guerra fria, o surgimento e queda da União Soviética, o Muro de Berlim, o Holocausto, os atentados do World Trade Center. Atualmente a invasão da Rússia à Ucrânia, a guerra do Hamas contra Israel e mais recentemente a tentativa de anexação de parte da Guiana Inglesa pela Venezuela.

            Ao se analisar as causas dessas guerras e invasões, vê-se sempre a ambição no comando. O dicionário Michaelis On Line diz que a ambição é um “intenso desejo de poder ou riqueza, honras e glórias”. A canção Silêncio, composta por Carlos Gardel, fala dessa ambição. Diz ela: “silêncio na noite, está tudo calmo, a cidade dorme, ambição descansa”. Na poesia de Kahlil Gibran, “a noite está silenciosa e no seu silêncio escondem-se os sonhos”.

            Todavia, a ambição aqui tem a conotação de ganância, ou seja, a “ânsia por ganhos exorbitantes, avidez, cobiça, cupidez”, como diz o mencionado dicionário. Não há pecado ou crime em ser ambicioso, mas há se essa ambição tiver características de ganância. As guerras, de modo geral, são produtos da ganância humana. Elas expõem a maldade humana e a idolatria dos governantes que colocam o poder acima da vida.

Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 07/12/2023
Código do texto: T7949020
Classificação de conteúdo: seguro