PERDAS
Perdas, infelizmente, fazem parte da nossa vida. Em todos os sentidos. Perdemos tempo, oportunidades, empregos, dinheiro, amigos, amores... Eu já perdi todas essas coisas ao longo dos meus 44 anos. Pensando bem, o que eu mais perdi foi tempo, desperdiçando com coisas que não valiam tanto quanto eu imaginava, ou sofrendo por coisas que eu não poderia mudar. Já perdi bastante dinheiro também, a maioria por má administração da minha parte. E amores... ah... essa perda é dolorosa... e recente.
Quando paro para pensar em perdas, no entanto, meu primeiro pensamento é nas pessoas queridas que foram promovidas para outro plano. Minha primeira perda significativa de pessoa querida foi minha sogra, de uma forma muito inesperada. Eu já havia perdido tios e outros parentes, mas não eram tão próximos. Senti a tristeza de perdê-los e chorei a despedida. Mas perder a minha sogra foi um divisor de águas pra mim. Depois perdi uma grande amiga, vinte anos de amizade, vencida pelo câncer, mas sem se render a ele, guerreira até o fim. Essas duas perdas me abalaram muito e me fizeram repensar alguns paradigmas, algumas posturas que eu tinha em relação à vida.
Em 2021 veio a maior de todas as minhas perdas. Em apenas 04 meses tive que ver partir meu tio amado, meu paizinho e minha vózinha. Um buraco imenso se abriu no chão e na vida de minha família. Os três maiores referenciais de vida, se foram, e não havia nada a ser feito, a não ser agradecer a Deus pelo tempo que tivemos com eles, juntar as lembranças e a saudade e seguir em frente.
Com todas essas partidas dolorosas, mais algumas coisas foram embora da minha vida.
Perdi o medo de lutar. Quando sobrevivi a essas tragédias, descobri uma força que não imaginava que tinha. Achei que fosse sucumbir, mas estou aqui, em pé.
Perdi o medo de viver. Percebi o quanto a vida é valiosa e efêmera. Já sabia disso no discurso, na teoria, e fui confrontada com a realidade. Comecei a aproveitar melhor os momentos felizes, as pequenas alegrias, as reuniões de família e amigos. Parei de desperdiçar tanto tempo e oportunidade.
Algumas coisas vão embora de nossas vidas para que outras cheguem. Não vai chegar outro pai, ou avó, pra mim. Mas a partida deles abriu espaço para novas vivências, autoconhecimento, despertamento. Sinto muita falta deles, e sei que em breve nos encontraremos. Até lá, vou regando a semente que plantaram em mim, e colhendo os frutos que brotarem.