Enlutamento

Hoje, nossa bela cidade amanheceu enlutada. Perdeu as cores do seu majestoso jardim, as ruas tornaram-se cinzas, o comércio quase não abriu, ônibus coletivos reduzidos, o Sol a castigar, olhares perdidos e o luto jaz estabelecido.

Os mais velhos chorando, enquanto os mais jovens abatidos e cabisbaixos, a música fúnebre provinda do mar, dos navios que saem do porto acionando suas buzinas da morte.

Jamais imaginei ver a cidade de Santos tão triste, ou melhor, a Baixada Santista que, com todos os seus problemas sociais e políticos ainda tinha no seu DNA, o orgulho em ter o clube de futebol mais famoso do mundo; o Santos Futebol Clube.

Foram cento e onze anos de história, conquistas e reinado sepultado numa noite quente de incredulidade e decepção, no jazigo Vila Belmiro.

Sabemos que a paixão por um clube de futebol é o menos importante dentre as coisas mais relevantes que nos cercam dia a dia, mas ver seu time do coração ser rebaixado e humilhado dentro da sua própria casa é, no mínimo, um longo e melancólico enterro.

Nós santistas esperamos que, como já ressurgimos incontáveis vezes ao longo da história de desastres naturais, epidemias, invasões de piratas, intervenções militares e até a morte do rei Pelé, tenhamos forças para reerguermos nosso Peixe brevemente e, ao invés de luto de hoje teremos sim a redenção dos tempos gloriosos do passado. Quanto ao amanhã, resta-nos crer na ressurreição.

Sérgio Russolini
Enviado por Sérgio Russolini em 07/12/2023
Reeditado em 07/12/2023
Código do texto: T7948808
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