Enlutamento
Hoje, nossa bela cidade amanheceu enlutada. Perdeu as cores do seu majestoso jardim, as ruas tornaram-se cinzas, o comércio quase não abriu, ônibus coletivos reduzidos, o Sol a castigar, olhares perdidos e o luto jaz estabelecido.
Os mais velhos chorando, enquanto os mais jovens abatidos e cabisbaixos, a música fúnebre provinda do mar, dos navios que saem do porto acionando suas buzinas da morte.
Jamais imaginei ver a cidade de Santos tão triste, ou melhor, a Baixada Santista que, com todos os seus problemas sociais e políticos ainda tinha no seu DNA, o orgulho em ter o clube de futebol mais famoso do mundo; o Santos Futebol Clube.
Foram cento e onze anos de história, conquistas e reinado sepultado numa noite quente de incredulidade e decepção, no jazigo Vila Belmiro.
Sabemos que a paixão por um clube de futebol é o menos importante dentre as coisas mais relevantes que nos cercam dia a dia, mas ver seu time do coração ser rebaixado e humilhado dentro da sua própria casa é, no mínimo, um longo e melancólico enterro.
Nós santistas esperamos que, como já ressurgimos incontáveis vezes ao longo da história de desastres naturais, epidemias, invasões de piratas, intervenções militares e até a morte do rei Pelé, tenhamos forças para reerguermos nosso Peixe brevemente e, ao invés de luto de hoje teremos sim a redenção dos tempos gloriosos do passado. Quanto ao amanhã, resta-nos crer na ressurreição.