ASSIM SOU E PRONTO
Lá por volta de 2002/2004, eu estava em plena atividade profissional e tinha assumido uma missão especial, numa grande empresa atacadista de SC.
A maior de SC e a quarta da região sul, localizada em Joinville. Tinha que reestruturar toda a área logística da empresa, automatizar todos os processos e na época os famosos softwares WMS ainda gatinhavam no Brasil.
O treinamento e a formação dos funcionários todos era questão fundamental no processo, tão importante quanto o engajamento da área de TI.
Então propus ao diretor proprietário da empresa, a contratação de uma psicóloga para apoiar os trabalhos junto aos funcionários.
Inicialmente tal diretor achou supérfluo e se preocupou com o custo. O salário de uma psicóloga é alto, alegou. Afirmei que era muito menos do que ele imaginava. Quanto falei com que valor eu contrataria uma psicóloga ele se surpreendeu e me autorizou imediatamente.
Contratei então uma psicóloga recém formada na UNIVALE, e com ela iniciamos um trabalho árduo, frutífero e de base para a transformação não só da área de logística (que num atacadista representa 80% do quadro de pessoal e o coração da empresa), mas de toda a empresa.
E com ela, que se transformou em minha fiel escudeira e amiga absoluta (até hoje), aprendi mais um bocado sobre pessoas.
E dela surgiu, numa conversa informal, uma colocação que fez mudar minha vida. Digo vida, referindo-me a relação de mim para comigo. A frase dita por essa amiga, psicóloga recém formada, efetivamente amenizou meus conflitos mais íntimos e desconfortáveis.
Muito provavelmente ela não lembra do ocorrido. Nunca lhe expus. Disse-se numa conversa, como disse, informal, além expediente, que não podemos nos auto incriminar por defeitos, mal jeito, hábitos que façam parte da nossa vida em si.
Que identificar tal problema é importante. Reconhecer é imprescindível, tentar corrigir é imperativo. Mas se não pode ser corrigido, se está intrinsecamente ligado a nossa personalidade e as nossas emoções, temos que aceitar, conviver com ele e não ficar nos recriminando.
Assim sou e pronto. Sem sofrimento. Sem auto flagelo. Sem auto crítica persistente, impertinente, que venha castrar minha autoestima, nem tampouco me conduzir a qualquer nível de frustação.
Até hoje ela me chama de mestre. Eu a chamo de Chave. A chave da aceitação de mim para comigo.