o melhor é possível - BVIW

É legítimo que no final desse ano de 2023, a sensação seja de que tocamos violino enquanto o Titanic afunda. Podemos trocar piadas sobre a violenta onda de calor que se abateu sobre o Brasil e tantos outros cataclismas que se avolumam ao longo do planeta. Podemos virar o rosto para não confrontar a quantidade de moradores de rua vivendo sob condições indignas em Belo Horizonte, e taxá-los de vagabundos que não querem trabalhar. Podemos igualmente ignorar as vozes que alertam para os desdobraments imprevisíveis e possivelmente catastróficos do avanço irrefreável da inteligência artificial. Pois o cotidiano já é bem difícil sem todos esses problemas sobre os quais podemos atuar muito pouco __ ou assim pensamos. Por isso, ao invés de continuar essa lista dos inúmeros motivos que temos para nos entregar ao desencanto, eu quero hoje só lembrar que dezembro começou. Uma época auspiciosa, onde nos deixamos levar pela nossa natureza generosa por causa do advento do Natal. Lembrar que, numa recente conversa com uma amiga, ela me disse que "é preciso positivar a vida": levar as nossas mãos a praticar gestos de harmonia e de carinho; ouvir músicas que elevem o espírito; visitar mais parques, porque a presença da natureza cura. Embelezar nosso entorno: a casa, o local de trabalho, a nossa rua. Pois quando a alma se eleva, as estrelas vibram. Quando não deixamos morrer a alegria, os pássaros juntam-se a nós. E quando perseveramos na esperança, mesmo que contra todas as evidências, há uma chance, mesmo que pequena, de que o mundo possa ser salvo.

Ana Deister
Enviado por Ana Deister em 05/12/2023
Reeditado em 01/05/2024
Código do texto: T7947521
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