FEZ-SE NOITE

Será que alguém em sã consciência conseguiria, a pouco mais de dois anos atrás, chegar perto do estrago que esse capitão homofóbico, genocida e principalmente mentiroso conseguiria desfazer tanto em tão pouco tempo, nesse caso, infelizmente, a realidade superou a ficção.

Vale a lembrar que os idosos jovens (60 a 69 anos) e também os mais experientes vivenciaram por vinte anos uma ditadura que se utilizou exclusivamente do exército, ou seja, uma troca de generais a cada seis anos, que mantiveram uma linha dura com relação às liberdades individuais no amplo sentido da palavra. Mas felizmente, não mexeram uma linha nas leis trabalhistas, não interferiram na legislação ambiental ainda incipiente, ou jogou duro contra as políticas de saúde e educação da sociedade.

Nesses intermináveis vinte anos, foi possível constatar a diversidade no corpo de generais, desde a sobriedade de um Geisel, a porraloquice de um Figueiredo.

O capitão ainda contou com mais de um ano para governar sem os efeitos da pandemia, que, aliás, serve de desculpa esfarrapada para explicar uma série de problemas, mas efetivamente não foi isso que aconteceu, até porque seu time de ministros não tem categoria se quer para enfrentar os peladeiros do Aterro do Flamengo.

Enfim a pandemia chegou, e com ela a oportunidade de nascer um estadista, mas foi aí que tomamos conhecimento ainda mais profundo, do idiota que habita aquele ser disfarçado de gente.

O aviso veio do hemisfério norte sem escalas, urgência de recolhimento da população às suas casas, evitando assim a propagação do vírus. Para nós que vivemos ao sul do Equador, conscientes da precariedade da política habitacional para os menos favorecidos, sabíamos que nas favelas, única solução viável para uma parcela crescente da população, favoreceria e como o contágio, só não dava para estimar sua velocidade, potencializado pela negligência incentivada, por ninguém menos que o capitão cloroquina.

Pouco a pouco fomos tomando consciência, que a terra na concepção do mito era plana e que a população na sua maneira de entender o mundo, nada mais era que um simples rebanho, e assim seria trivial atingir o até então desconhecido termo “imunidade de rebanho”, claro que, como todo rebanho teria que vivenciar perdas, afinal todo mundo um dia vai morrer mesmo!

Para inibir a pandemia, esse capitão teve um insight comum ao avestruz, ao primeiro sinal de perigo, enfiou a cabeça num buraco, e claro, sem informação ficou espera o melhor. Da noite para o dia, resolveu não divulgar mais as informações produzidas pelo Sistema Único de Saúde – SUS, tanto dos casos novos, como dos óbitos por dia. Sua perspicácia militar foi ridicularizada já no dia seguinte, quando veículos privados de informação passaram a divulgar a informação pública.

Enfezado literalmente, o chefe da nação resolveu criar o gabinete do ódio, formado por integrantes de sua confiança, que dali para frente municiaria de ideias perniciosas, esse mito, que mesmo assim continuaria seguido de uma minoria ruidosa e profundamente antidemocrática oriunda do Hades, que agora floresce em Brasília.

Como despreza a televisão, essa quixotesca figura se dirige presencialmente para seu rebanho no chiqueirinho do palácio, que vibra com sua capacidade de guerrear contra moinhos, o legislativo, o judiciário e com mais ênfase o Supremo Tribunal Federal – STF que até hoje, tenta impedir que seu modo tirano de aldeia de ser, se consolide.

Mesmo banido do exército por destempero mental, mostrou sua grandeza de patriota convicto, incorporando ao ambiente civil da república um contingente que supera os seis mil oficiais das três forças em cargos estratégicos do governo, não importando a experiência anterior. Para mostrar que os brutos também amam, reajustou o vencimento da turma da caserna e criou benemesses, enquanto sufocava servidores públicos com congelamento de salários por tempo praticamente indeterminado.

O ponto alto desse descompasso com a realidade veio através da figura patética do ministro da saúde, um Sancho Pança da caserna, que na cerimônia de posse declarou aos sete ventos que não conhecia o SUS e muito menos da sua capilaridade nos mais de cinco mil municípios brasileiros.

Impressiona sua sensibilidade no trato da coisa pública, para um país com a diversidade de flora e fauna ele conseguiu encontrar um civil que pensa como ele, ou seja, não entende indígena como gente, floresta é empecilho ao desenvolvimento agrário e de extração de minerais valiosos, incentivando diretamente grileiros, garimpeiros e claro latifundiários que não hesitam em avançar sobre terras indígenas ou mesmo reservas ambientais.

Para comandar as relações exteriores conseguiu achar dentro do Itamaraty um personagem que como ele, consegue idolatrar os EUA, na figura caricata do Trump, e obviamente rejeita a China por fidelidade ao mito ianque, pouco se importando ser esse nosso principal parceiro econômico, e para isso usa a desculpa esfarrapada das questões ideológicas. Não contente apenas com essa empatia, esse discípulo do Olavo de Carvalho, foi mais longe e conseguiu transformar o país numa espécie de pária, rejeitando em parceria com o governo estadunidense todos os acordos internacionais, tarefa a duras penas obtida ao longo de décadas pela diplomacia nacional.

Para o ministério da educação a comédia foi dantesca, começou com o cucaracha do Vélez, esquecido que estava no Brasil, saiu esculachando nossos cidadãos, felizmente teve duração efêmera, nem esquentando a cadeira ministerial. Em seguida veio Waintraub, que já na posse, definiu nossas universidades como antro de esquerdopatas drogados, e baseado nessa premissa tresloucada, de cara, cortou pela metade o orçamento das instituições federais de ensino. Sem orçamento para manutenção predial, a UFRJ sofre agora com constantes incêndios e o tradicional Colégio Pedro II, fundado pelo imperador homônimo, periga fechar suas portas centenárias. Por outro lado, incentiva com verba federal que municípios criem escolas cívico militares, enquanto esquece que o Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM estava sob sua tutela.

Mais tarde, numa das muitas reuniões ministeriais vazadas, todos tivemos acesso ao alto nível dos diálogos, que tinham como objetivo único ridicularizar a democracia. Passar a boiada, intervir no STF, e claro abusar do linguajar chulo.

De tanto se exibir sua conturbada mente, esse sujeito acabou defenestrado do ministério da educação. Já o postulante seguinte, mentiu tanto sobre seu Lattes, que nem chegou a assumir a pasta. Por fim, o obscuro Milton Ribeiro, ainda não teve tempo para entender sua função, e olha que assumiu o cargo há um ano.

E la nave va!!!!

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 01/12/2023
Código do texto: T7944479
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