Maré alta
Quando o mar está calmo, todos querem banhar em suas águas... na areia, um aglomerado de "parasitas" (pessoas), como bem retrata Rubem Alves em sua crônica no livro: Ostra feliz não faz pérola; e disputam espaço para curtir também o sol... a praia fica lotada. Mas no inverno o cenário é bem diferente: solitário, limpo, vazio... da mesma forma quando o mar está revolto... e sua maré vai subindo e se sobrepondo ao território que lhe rodeia.
Na vida, somos esse mar. Ora calmo, ora em fúria. Quem fica em ambas situações?... quem se banha em suas águas?... principalmente aquelas que escorrem quentes e salgadas...virulentas, lastimosas, fugidias, transbordantes. As que escorrem da sua face deixando rastro de sal... desafogando o coração, aliviando as tensões.
Raras são as pessoas que irão enxergar a nossa essência, que nos conhecem só de olhar. Que leem nossos olhos, nossa mente, expressões faciais, gestos, e até nosso silêncio. Quem está por perto quando as nuvens das emoções estão carregadas e prestes a desabar em uma tempestade torrencial?... quem te "atura" nos seus dias de mau humor?... em dias em que as tribulações chegam para derrubar?... quem não larga tua mão nem "por reza"?... e reza contigo até a tempestade passar?...
A maioria gosta mesmo de julgar... apontar dedo e falhas... e falha completamente como "ser humano"... porque não conseguem SER, e nem agem como HUMANOS... humana(mente) falando. Muitos interessados, poucos interessantes.
Mas aos poucos, feito água que contorna os obstáculos e deixa fluir para transbordar numa nova nascente, vamos também nos adaptando às asperezas e desobstruindo a passagem. Seremos um novo mar. Seremos bons em nos aMAR e respeitar nossas marés. O sol brilhará e mesmo em maré alta, vai dar pé. Navego na fé!... vai dar praia... eu sei!🙌🏻🌊