Racismo! Racismo! Racismo em todo lugar! Racismo para dar e vender!
- Não entendo mais nada do que eu entendia. E o nada que eu entendia eu não entendia muito bem, não. Que coisa de loucos! Até outro dia, falava-se, livremente, em todo canto, em todo lugar, no céu, no purgatório e no inferno, "denegrir", "buraco negro", "lista negra", caixa preta", e ninguém 'tava nem aí com a hora do Brasil. Agora, sempre que se usa tais palavras aparece, para nos torrar a paciência, um desmiolado, um burraldo qualquer, um idiota de marca maior, com o dedo em riste na nossa cara, a chamar-nos de racista e a condenar-nos às labaredas do inferno. Que gente burra e doida!
- Há método em tais burrice e maluquice. Método. E nada mais do que método. Algumas pessoas, as doidas e burras, mas não necessariamente, e tampouco obrigatoriamente, burras e doidas, de inteligência escassa e parafusos de menos, dispõem-se a fazer o papel, que lhes atribuíram os sabidos, cujos respectivos nomes de batismo o público ignora, de loucos, despirulitados, imbecis, idiotas, burros, oferecendo-se ao sacrifício público.
- Tu achas, mesmo, que os tipos e as tipas, uns tripas ambulantes, cabeças-ocas, que dizem que não se deve falar "buraco negro", que, dizem os bestas-quadradas, é uma expressão racista, e nem "denegrir", que é, declaram os dodóis-da-cabeça, um verbo de conotação racista, e nem "esclarecer" com o sentido de "esclarecer", que, afirmam as sumidades fugidas do Asilo Arkham, é pejorativamente, e inadmissivelmente, racista, tem miolos dentro da cabeça?! Achas, mesmo, que tal gente tem cérebro, massa cinzenta?!
- Não acho, nem deixo de achar. Não é do meu feitio achar coisas, o que quer que seja.
- E o que pensas a respeito de tais espíritos-de-porco?
- Tem eles muita porcaria na cabeça, dentro e em cima dela. Quero te dizer uma coisa, uma coisinha de nada: Tu achas que as personalidades mais amadas, queridas, adoradas, e admiradas, e belas, e charmosas, e invejadas, oferecer-se-iam ao papel de tolos, de imbecis, de idiotas, assim, sem mais nem menos, por pura burrice?! Ora, burrice tem limites. Não penses que é ilimitada a burrice. E nem a idiotice é infinita, menos ainda a estupidez, e tampouco a loucura. Tu já viste um louco rasgar dinheiro?! Não, né?!
- Então, por que a alienígena, aquela parente das tartarugas ninjas, disse que "caixa preta" é coisa pejorativa, e por que aquela outra, uma baranga, mulher que veio sei lá eu de onde, disse que "buraco negro" não é de uso apropriado, e por que se diz por aí que "denegrir" e "lista negra" e... e... Tu me entendestes.
- Faz-se auê em torno destas e daquelas palavras para enlouquecer todo mundo, deixar todo mundo sem saber o que fazer, o que falar, o que... Ora, as pessoas já estão a se condenar antes mesmo de falar certas palavras, as tais, proibidas. E proibidas por quem?! Quantas pessoas não chamam os viciados de viciados? Até outro dia os viciados eram viciados; hoje são dependentes químicos. Que raio quer dizer "dependentes químicos"?! Raio nenhum. É asneirice das grossas. Mas quantas pessoas têm medo de falar "viciados" ao se referir aos viciados?! E aleijados não existem mais, e nem gordos, e nem magrelos, e nem mulatos, e nem vesgos, e nem orelhas-de-abano, e nem poucas-sombras, pintores-de-rodapé, rolhas-de-poço, varetas, espigas-de-milho, balofos, aeroportos-de-mosquito, e nem...
- Verdade. Verdade verdadeira. Antigamente, e por "antigamente" estou querendo dizer "há uns vinte anos", inventávamos apelidos engraçados para os nossos amigos e os nossos amigos para nós inventavam apelidos engraçados. Agora... Que chatice.
- Tragas a questão para a política, a política do dia-a-dia, e vejas no que dá.
- Doideira das grandes. Se respeitarmos as idéias dos desmiolados...
- Atingistes o alvo.
- Atingi?!
- Sim. Atingiste.
- Na mosca?!
- Na mosca. O que nos sobrará se respeitarmos as sandices das gentes que estão a fingir ver racismo em todas frases que tenham as palavras "preto", "negro", "escuro", e outras de igual quilate, e as suas respectivas antônimas?! Uma doideira das grandes. Um mundo infernal. Ninguém mais ousará dizer o que quer que seja, pois poderá ser chamado de racista, e, a depender do que diz, de machista, misógino, xenófobo, e de outros apelidos carinhosos. Imagines o inferno em que viveremos se prevalecerem as idéias que brotam da cabeça cheia de estrume dos homo sapiens saídos da cloaca do capeta! Imagines! Só imagines! Só imagines! Uma pessoa pensa em dizer, mas não diz: "Nuvens negras aproximam-se no horizonte."; e outra, querendo dizer, não diz: "Vou clarear meus dentes."; e ninguém mais dirá: "Aquela ave de mau agouro, o corvo.".
- Até o corvo entrará na história?!
- E não?! Corvo é animal preto, e tem a sua figura associada à desgraça, então... E quem terá a coragem de dizer: "Comprei duas lâmpadas, para iluminar a minha sala."
- Até as lâmpadas!
- Lâmpadas, se acesas, iluminam o que a luz delas alcança; se iluminam, dão fim à escuridão; e se a escuridão é preta...
- Acha paciência!
- Entendestes aonde quero chegar?! Estaremos fritos se aquela gente desmiolada, abestalhada, conseguir se impor a todos.
- Fritos, cozidos e grelhados.
- E ninguém mais terá idéias brilhantes.
- Será a idade das trevas.
- Epa! Calma lá! Retiremos o que dissemos, meu chapa, ou o inferno nos espera.