Eu peguei escondido um dos anéis de minha mãe, talvez fosse bijuteria, talvez fosse caro. E tudo o que ela me fez... pra me levar a cometer tamanho crime e traição... foi me dar um beijinho na bochecha e disparar um sorriso em minha direção.
Quando eu encontrava a Priscila, eu sentia uma luz caminhar dentro de mim. Uma coisa quente, passando pelos meus órgãos e abrindo os meus poros. Eu podia sentir a textura e até mesmo o sabor dessa luz, e hoje sei que aquela coisa, confortável, macia, saborosa, que eu sentia caminhar dentro de mim e enfraquecer minhas pernas... Era amor. Um dos meus primeiros. E depois, anos depois que esse todo esse carinho enorme deixou de existir, [simplesmente porque eu mudei de escola e ela também] ... eu entendi que o amor não tem a menor obrigação de vir à tona – ao mundo da razão - como uma epifania, ou uma incrível descoberta, para existir. Ele simplesmente... está.
O amor não precisa de definições ou conceitos, pra que seja o sentimento mais lindo e puro do mundo inteiro.
... não precisa ser poético, não precisa ser alegórico, belo... e nem mesmo complicado. Também não necessariamente precisa ser longo.
Até hoje, a Priscila - aquela loirinha magrela e de aparelho nos dentes, que tirava notas boas, na quinta série - é uma das minhas maiores referências de alegria, beleza, e vontade de estar vivo.
... e se estivéssemos juntos? Hoje ela teria uma coleção IMENSA... de anéis roubados.