A REALIDADE SOBRE CUPIDO. EXEMPLOS.
Thomas Bulfinch escreveu a melhor obra de todos os tempos sobre mitologia; O Livro de Ouro da Mitologia, que recomendo a todos, comprei faz tempo.
Nele se mostra a verdadeira história de Cupido, banalizada e reinventada popularmente.
Quem foi Cupido? Um menino-mestre, mestre da malícia primeiramente, o menino que castigou o grande Apolo, Senhor de Delfos e Tenedo, filho de Júpiter (nome latino), também conhecido como Zeus em grego, o pai dos deuses e dos homens.
Apolo cheio de soberba pela vitória contra a grande serpente Píton, vendo o menino Cupido brincando com seu arco e flecha interpelou-o dizendo: “Que tens a fazer com armas mortíferas menino insolente? Deixe-as para as mãos de quem delas seja digno”.
Demosntrava sua soberba e arrogância pela vitória contra a serpente, a arrogância que já estava presente nos vencedores quando o contrário devia se dar. Diante de um menino quis demosntrar a sua força guerreira, soberbamente.
Mas eis que surge uma outra força, sábia no enfrentamento, a de Cupido, e retrucou: “Tuas setas podem ferir todas as outras coisas Apolo, mas as minhas podem ferir-te”.
Estava advertindo a soberba de Apolo por sua pretensão em achar que era o poderoso guerreiro capaz de manejar setas, exclusivamente.
Em seguida Cupido tirou da aljava duas setas se pondo de pé, uma feita para atrair o amor, outra para afastá-lo, a primeira de ouro com ponta aguçada, a segunda de chumbo com ponta rombuda.
De uma rocha do Monte Parnaso atirou-as certeiramente, atingindo Apolo no coração com a de ouro e ferindo a ninfa Dafne, filha do rio-deus Peneu, com a de chumbo.
Tomado de intenso amor por Dafne, após ferido no coração, Apolo buscava loucamente a amada que sentia horror a idéia de amar depois de acertada, queria correr pelos campos, ver as flores e só, a ponto de pedir a seu pai, que lhe pedia sucessores e netos, que lhe desse a graça de nunca casar.
A contragosto o pai lhe concedeu o pedido dizendo diante de sua delicadeza e expressiva beleza “o teu próprio rosto é contrário a esse voto”.
Apolo desdizia sua sorte, ele que era oráculo de todo mundo, não podia fazer prevalecer seu amor e quando via Dafne a passear pelos campos pensava vendo seus cabelos desordenados ao vento; “se são tão belos em desordem como seriam arranjados?’.
Apolo lutou muito para obtê-la, não conseguiu, não foi bastante sábio para prever seu próprio destino, calcado na soberba e arrogância. É a história dos homens, e já fora a de um Deus mitológico.
Um dia, correndo nos campos atrás de Dafne clamava, “sou o deus da música e da lira, minhas setas voam certeiras para o alvo, sou o deus da medicina e conheço a virtude de todas asplantas medicinais. Ah! Sofro de uma enfermidade que bálsamo nenhum pode curar!”
A ninfa continuava sua fuga, o vento agitando-lhe as vestes e os cabelos, lindamente, o deus Apolo, deseperado diminuia a distância da ninfa quando quase a alcançá-la ela implorou ao pai ajuda: “Peneu, abre a terra para envolver-me ou muda minhas formas que me têm sido fatais”.
Pronunciadas essas palavras, Apolo já junto a Dafne, ela sente um leve torpor, seu peito começa a virar uma leve casca, seus cabelos mudam-se em folhas, seus braços em galhos, os pés cravam-se no chão, como raízes, seu rosto configura a parte mais alta do arbusto.
Apolo abraçou-se à arvore, ardentemente beijou seus ramos e disse, “já que não será minha esposa, serás minha planta preferida”.
É a verdadeira história de Cupido, que não aproxima, afasta, e o faz pela arrogância e soberba definidas. O amor em geral, dispensa e renega esse tipo de comportamento. O menino venceu o guerreiro, foi mais sábio.