Olhos Negros

Era uma tarde em que o céu e o mar se abraçavam, confundindo suas tonalidades em um espetáculo indescritível.

Sentado à beira da praia, o poeta contemplava a imensidão azul diante de si, perdido em pensamentos. Cada onda que beijava a areia parecia trazer consigo memórias e sentimentos há muito guardados. Era como se o mar, com suas marés e segredos, estivesse sussurrando histórias de tempos passados.

O poeta lembrava daqueles olhos, olhos negros como noites sem estrelas. Os olhos de alguém que um dia compartilhou com ele momentos de risos, conversas profundas e olhares que falavam mais do que palavras. Era como se esses olhos fossem portais para a alma daquela pessoa, onde ele podia encontrar sua razão e seu coração entrelaçados.

No entanto, o tempo havia passado desde então. As estações mudaram, assim como as circunstâncias da vida. O poeta se perguntava se aqueles olhos ainda possuíam a mesma centelha que costumavam ter, se a conexão que ele sentia ainda persistia mesmo com a distância. Será que, assim como o sol que sempre encontrava o mar no crepúsculo, aqueles olhos ainda encontravam os seus em alguma dimensão de sentimento?

Enquanto o sol se preparava para se despedir daquele dia e as cores do céu começavam a se transformar em tons de laranja e rosa, sentiu então a nostalgia e a saudade inundarem seu coração. Escreveu linhas em sua mente, palavras não ditas que ecoavam em sua alma. Pois, às vezes, as palavras são incapazes de expressar toda a profundidade dos sentimentos, e é nos olhares compartilhados que as verdadeiras emoções residem.

Perdido em suas reflexões à beira-mar, entendeu que, mesmo que o tempo tenha passado e a vida tenha seguido adiante, a beleza daquela conexão, como o azul do céu e do mar, permaneceriam eternamente em seu coração.