Enchentes de 2023: Uma Narrativa de Sobrevivência, Solidariedade e Reconstrução no Alto Vale do Itajaí

Não conheço a autora e não sei seu nome. Esta é uma transcrição de sua Crônica Audiovisual, que é de cortar o coração diante da tragédia ocorrida na região de Trombudo Central, em SC e na região do Alto Vale do Itajaí:

Eu moro no Alto Vale do Itajaí, em Trombudo Central, uma cidade de Santa Catarina. Trabalho na cidade vizinha, Agrolândia. Vivi toda a minha vida por aqui e conheço com certa riqueza de detalhes a história da nossa região. Desde menina, ouço sobre a garra dos colonizadores que aqui fizeram morada. Essa bravura, assim como ela se mostrou no passado, tenho certeza de que se mostrará novamente.

No ano de 2023, especificamente em novembro, a partir do dia 18, todos fomos colocados à prova e profundamente afetados material e emocionalmente. Minha cidade, assim como a grande maioria dos bairros, casas, carros e comércios, foi coberta por água, lodo, medo e destruição. Fotos e vídeos não conseguem demonstrar completamente o que aconteceu.

A pior tragédia climática que vivenciamos superou a enchente de 1983. As águas desceram de todos os lados, da Serra dos Alves, em volume e força nunca antes vistos. Eu testemunhei casas, carros, animais, geladeiras e muito mais sendo arrastados pela correnteza.

Em 17 de novembro, por volta das 10 horas da manhã, o dia virou noite, e as águas chegaram de Agrolândia até aqui, causando desespero generalizado. Houve grandes deslizamentos de terra, estrondos assustadores. A sensação de que o fim havia chegado foi avassaladora.

Graças a Deus, as pessoas estavam acordadas e puderam salvar suas vidas. No meu bairro, houve um grande deslizamento de terra. Os resgates foram incessantes, e a solidariedade foi evidente. No dia seguinte, unimos forças para enfrentar as imagens que arrancaram lágrimas.

Muitos pertences foram perdidos, casas arrancadas de suas bases, galpões destruídos, um cenário apocalíptico. Não quero, neste momento, discutir políticas, culpas ou o papel de cada um. As enchentes de novembro de 2023 ficarão para sempre na minha memória como um marco de vida, ensinando o valor da vida e a importância da solidariedade.

Não foi a nossa vez de partir, e por sorte, ninguém perdeu a vida em nossa cidade. Seguiremos reconstruindo, com choro, dor, imenso cansaço, mas na medida necessária de viver em comunhão. As pessoas boas são a maioria, e é esse movimento que precisa manter-se vivo no mundo.

Desconhecido
Enviado por Osnir da Silva em 28/11/2023
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