Solitude

Sempre me peguei em questionamento sobre o porquê de nenhum dos meus relacionamentos dar certo, por óbvio não consegui chegar a um consenso comigo mesma, são motivos demais, mas todos findavam em algo perturbador: Eu precisava me relacionar com alguém de quem eu pudesse me separar por vezes.

O convívio social nunca foi meu maior mérito, sempre me senti sufocada por passar momentos com outros seres e sempre precisei de algum subterfúgio para conseguir me envolver com eles.

Assim, o convívio com pessoas, específicas ou não, era e é um grande tormento, não há silencio, não há calma, não há espaço, sempre precisei de mim para me encontrar.

Perturbador isso! É, cabe muitas interpretações.

Nunca encontrei alguém que entendesse isso e assim acabo me afastando de tudo e de todos, não por me sentir superior – posso garantir que em grande parte das vezes é o contrário, não por não me encaixar, simplesmente pelo fato de eu precisar me ouvir, me sentir, me perceber em mim.

O grande filósofo dizia: “Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem ou é Deus. ” Aristóteles

Lhe garanto que não me encaixo em nenhuma das opções, não sei se prazer é a palavra certa, paz acredito que se encaixe melhor.

Estamos a todo momento tentando nos encaixar, fazer parte de algo maior, ver e ser visto pelo outro, nossa mente é bombardeada diuturnamente pelo que temos que ser, pensar e agir, então um momento para si é a única coisa capaz de acalma-la, permitir a ela não pensar em nada ou em tudo ao mesmo tempo, pensar no que realmente quer, sonha, idealiza, mesmo que não vá se realizar, mas se permitir sonhar.

Depois de um dia cheio simplesmente não fazer nada ou fazer o que se gosta sem se preocupar em agradar outra pessoa, se recarregar para um novo dia.

Para muitos esse recarregar é simples e pode ser feito ainda no convívio com terceiros, para outros é preciso de tempo e solitude, é preciso enfrentar a si mesmo, encontrar seu pior e tomar café com ele, se olhar no espelho e refletir quem realmente está ali, escutar seus próprios pensamentos e construir em si sua melhor morada.

Estar só, mas muito bem acompanhado, coisa rara de se sentir hoje em dia. Irvin D. Yalom em seu livro “Quando Nietzsche chorou” disse: “Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeira companhia. ” Pois bem, essa é a grande questão!

Buscamos companhia no outro sem entender que podemos nos sentir sós em meio a uma multidão, a melhor companhia que podemos ter, e temos que cultivar, é a nossa própria, somente em nós vamos encontrar a força para viver nesse mundo doente e sem alma.

Então, preciso da minha solidão para viver em sociedade e somente quando encontrar quem entenda isso e compartilhe do mesmo sentimento poderei finalmente entender porque não deu certo com mais ninguém.

Quem sabe um dia! Em outra vida.