Bolsonaro e a baleia jubarte: uma cogitação extemporânea.
Estou, aqui, neste dia abafadiço, no aconchego do meu lar, doce lar, à escrivaninha, ventos frescos a deslizarem-me pelo desgracioso talhe, pensando pensamentos que remetem ao episódio aventuresco e façanhudo e desafortunado que o presidente Jair Messias Bolsonaro não sei há quantos dias protagonizou numa não sei qual praia de uma cidade litorânea deste país belo por natureza e de terras que dá tudo o que nela se planta. Estava o dito presidente, um capitão, a pilotar um veículo aquático, tranquilamente, e despreocupadamente, até que lhe apareceu ao horizonte uma criatura aparentada com o Moby Dick, e ele, então, um supremacista branco dotado de masculinidade tóxica, não se contendo em sua libido, abordou-a, requestou-a, importunou-a, molestou-a, constrangeu-a, obrigando-a a abandonar as suas atividades corriqueiras e, para escapulir ao assédio que ele insistia em lhe promover, rumar para outros mares numa antes navegados. Foi este o conto que o passarinho que me conta contos me contou, passarinho que, eu não ignoro, tem o mal hábito, e é-lhe tal hábito inocente, de acrescentar um ponto a todo conto que me conta.
E ao evocar tal história, pergunto para os meus botões: O que será da vida do presidente Jair Messias Bolsonaro no dia em que descobrirem que ele aproximou-se ameaçadoramente, e inconsequentemente, e imoderadamente, e irresponsavelmente, e perigosamente, de um pato, e de um sapo, e de um cachorro, e de um gato, e de um pombo, e de um pardal, e de um bem-te-vi, e de um mosquito, e de uma abelha, e de uma formiga?! Não quero nem pensar o que será da vida dele. E na pele dele não quererei estar. E eu só tenho uma certeza: a vida dele será um inferno.