Quando ainda era neófita no Recanto publiquei esta crônica no Meu Diário. Agora estou transpondo para a sessão Textos alguns desses trabalhos. Que aqueles que já leram me desculpem.
Patagônia
Leitura atrasada, depois do almoço de hoje, o jornal de ontem. No caderno Gerais do Estado de Minas um texto me chama atençaõ e resolvo ler. Constato que nunca li antes esse cronista, Eduardo Almeida Reis, nem sei bem a razão. Já havia notado sua presença, assinante que sou de fim de semana, única ocasião em que me sobra tempo para ler jornal. O que me atraiu foi o título: Patagônia. Será? Eu me pergunto e vou lendo ansiosamente esperando encontrar o motivo que levou o autor a escrever este artigo. Esperando que o motivo que o levou a escrever seja o mesmo que me leva a ler. A medida que os meus olhos descem e tornam a subir ao mudar de coluna, vou descobrindo um cronista fantástico, cuja escrita é uma delícia ler. Ele conta que foi comparado a um certo cronista badalado mas que nunca leu uma só página deste cronista com o qual foi comparado. Mas confessa também que encontrando este cronista em uma livraria de aeroporto comprou um de seus livros e pediu que o autografasse para um amigo a quem queria presentear. E continuou sem ler nada do citado cronista ao qual foi comparado. Isso me deliciou por vários motivos e eu acreditei nele porque comigo acontecem coisas semelhantes.Eu tenho aparecido, em função do meu cargo público, no noticiário da TV local e no entanto eu nunca quis me ver na TV. Meu caso de certa forma é bem pior, porque enquanto ele se recusa a conferir a comparação com que o outro escreve, eu me recuso a conferir a comparação comigo mesma. Na verdade, Eduardo Almeida Reis mentiu um pouquinho: ganhando um livro do comparado de presente, leu uma coisiquinha e abominou a comparação, o que me despertou a curiosidade em saber quem é o infeliz.Mas,seguindo o texto continuei a ler, esperançosa de que ele finalmente falasse sobre Patagônia, mas nada. Desci e subi colunas e embora o texto continuasse chamando minha atenção, não era o que eu queria. No último parágrafo ele fala da Patagônia, mas não do meu Patagônia: o livro de João Batista Mello(Editora Rocco), que não conheço, não é meu parente e que parece só eu li. É um livro tão lindo, escrito com tanto talento e no entanto ninguém sabe dele!!! Isso me deixa possessa, porque vejo as listas de mais vendidos ocupadas por bobagens escritas por escritores sem nenhum talento enquanto nossos autores,bons autores são desprezados por pura ignorância.Não resisto a deixar escrito aqui trecho da contra capa:"No início do século , um brasileiro atravessa a Patagônia para vingar a morte de seu irmão. O alvo(...) é um bandoleiro norte-americano que viajara clandestinamente para a América do Sul:(...) Butch Cassidy.(...) Patagônia é uma homenagem aos romances de aventura e aos filmes de faroeste. Mas sobretudo é a história de um homem a procura de si mesmo (...) " É pura poesia e vale a pena ler. Como vale a pena ler o cronista das Gerais que não é moldeador de manteiga em Espinosa nem instalador de condicionadores de ar em Maria da Fé.