CORDEL - TRADIÇÃO E VANGUARDA

OBS: conforme a exigência do portal RECANTO DAS LETRAS, entrei em contato com a editora CLARIDADE, a fim de que me autorizasse o uso de trechos de livreto editado por ela. O Google me informou que tal "domínio" não foi localizado e me "devolveu" o email enviado em 17/nov. pp. Portanto, me sinto livre para POSTAR este texto e, futuramente, usá-lo em meu livreto de Cordel, quando tiver possibilidades de imprimí-lo. (NATOAZEVEDO)

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Prezados Senhores da

Editora CLARIDADE !

Solicito AUTORIZAÇÃO para citar trechos do livreto de MARCO HAURÉLIO referente ao Cordel, em meu futuro livreto com meus trabalhos... tal texto abrirá meu livreto, com o título de CORDEL - TRADIÇÃO E VANGUARDA !

Segue abaixo o texto original, como será editado futuramente!

Abraços do escritor, compositor e poeta... "NATO" AZEVEDO

(ANANINDEUA, Pará, 17/ nov. 2023)

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CORDEL - TRADIÇÃO E VANGUARDA

O mais completo relato que conheço sobre os livretos de Cordel é a pequena grande obra "Breve História da Literatura de Cordel", de MARCO HAURÉLIO (Fernandes Faria), impressa pela Editora CLARIDADE em 2010, SP. O livreto, que achei no lixo, vem com curioso carimbo de "Exemplar PARA DIVULGAÇÃO - Venda Proibida"... e na página seguinte traz a advertência -- comum a partir dos anos 1990 -- proibindo a reprodução de qualquer trecho sem a autorização da Editora. Como se vê, mais um contrassenso de um Brasil que mais parece um hospício. Espero que a Editora ainda exista, pois pretendo usar partes do livro para "recuperar" a história das origens do Cordel que, na Apresentação, um certo Aderaldo Luciano define como a única forma poética genuinamente brasileira", o que é mais empolgação do que realidade.

Felizmente Marco Haurélio põe as coisas no lugar: "A Literatura de Cordel é a poesia popular herdeira do romanceiro tradicional e, em linhas gerais, da literatura oral (...). O cordelista, como hoje é conhecido o poeta de bancada, é parente do menestrel errante da Idade Média que, por sua vez, descende do rapsodo grego". (in "A poesia popular", capítulo da obra, pag. 16)

Vou além: as "quadrinhas" populares, das quais se originou a Trova, de "7 pés" como o Cordel, são "primas pobres" dele, embora possam ter surgido antes do mesmo. Porém, é extremamente válida a definição -- por Aderaldo Luciano -- do Cordel como... "tradição e vanguarda, de trazer continuação e ruptura, de ser arte e entretenimento", (etc, pag. 9) Ousaria eu afirmar que as populares "adivinhas" (o que é? o que é?) e quadrinhas satíricas da Antiguidade traziam em seu cerne o espírito do futuro Cordel. Marco Haurélio aponta o que seria o "marco inicial" dos folhetos de Cordel:

"Em 1508, foi impresso em Saragoça, Espanha, o célebre romance de cavalaria "Amadis de Gaula", de autoria de Garcia Rodrigues de Montalvo". (pag. 13) Tais livretos -- de romances ou poemas, "gestas", cantigas, feitos heróicos -- circularam por toda a Europa e, segundo Haurélio, vieram com as caravelas "aportar" no Brasil... com Cabral e companhia bela. Me atrevo a declarar que o misto de médico e adivinho Michel de Nostradamus, lá por 1500 e pouco, seria o "patrono" dos futuros cordelistas, com suas "Centúrias", previsões EM SEXTILHAS rimadas, bem rimadas aliás, redigidas em Francês. Nosso "Kuzemba", o Samba em seus primórdios, também era em 6 versos, boa parte em "7 pés", sílabas métricas. Confira obras antigas da "música caipira", muito antes de virar sertaneja... mais sextilhas !

O autor da "Breve História da Literatura de Cordel" -- que abrange tudo, TUDO mesmo sobre a prática ou "estilo" -- tem autoridade e conhecimento, para declarar Leandro Gomes de Barros (1865/1918) "o pai da Literatura de Cordel brasileira" ! Quem sou eu para discordar ! Conheci o Cordel a partir de obras dele, descrição viva, dolorosa e real do Brasil moderno, digo, "de ontem", aliás dos 1900 e pouco... "muitos cachorros num osso, / um pau com muita formiga" e o povo por ali, morto de fome, panela vazia em casa.

Quem se admira de cordéis com 40, 50 ou 80 estrofes mal imagina que uma das centenas de livretos sobre "Lampião" e seus "cabras" teve nada menos que 632 sextilhas, impressionante obra de Manoel d'Almeida Filho, um craque no assunto. (pag. 64) Contudo, foi superado... com o advento da novela mexicana "O Direito de Nascer", reprisada no Brasil no início dos anos 1960, ainda em p/b, a editora paulista "Prelúdio" publicou "o maior romance em versos da Literatura de Cordel brasileira, com 719 sextilhas". (pag. 78)

Curiosamente, até onde sei os Cordéis não trazem a nefasta proibição... "todos os direitos reservados, nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sem autorização expressa da Editora (e de seu Autor). Portanto, se a Editora fechou, mudou-se, não tem mais Caixa Postal e seu telefone é dos anos 80/90 (fixo) não há meios de contactá-la, muito menos ao seu Autor e tais livros NÃO SERÃO DIVULGADOS, objetivo maior de quem escreve e de quem publica. Por incrível que pareça, ninguém parece querer MUDAR essa "sandice". Até quando ?!

"NATO" AZEVEDO (13/nov. 2023, 9hs)