UM TEXTO ATRASADO.

Este texto era para ter saído no dia 21.11.2023.

Sai, somente, hoje porque fiquei esperando que a grande imprensa- falada, escrita e televisada do pais- desse alguma notícia ampla e esclarecedora sobre o Cleriston Pereira da Cunha, de 46 anos, que morreu na 2ª feira (20.nov.2023) no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

Como o fato passou desapercebido, intencionalmente – tenho certeza-por quem tinha o dever de divulgá-lo, amplamente, me permito neste momento, como cidadão brasileiro, no gozo e no uso de meus direitos democraticos de manifestaçao os quais me são garantidos, pela Constituição, a tecer- breves e leigos- comentários sobre o assunto de tamanha importancia, humana, social, politica e juridica para nosso pais e para nosso povo.

O Cidadão estava privado de sua liberdade desde o dia 8 de janeiro, sem que sua culpabilidade tenha sido caracterizada, definida e individualizada.

Estava sob o regime prisional de Prisão Preventiva,apesar de legislação não indica-la, para o seu caso, ele foi mantido na Papuda por quase um ano, até que a morte lhe concedeu a liberdade que Justiça brasileira lhe negou.

O Cleriston não tinha antecedentes criminais, circustancia que deveria te-lo favorecido.

Além disso, ele não apresentava riscos à sociedade, possuía endereço fixo e cooperava com o processo criminal.

O Cleriston fazia uso de medicação controlada porque sofria de diabetes e hipertensão.

Outros detentos chegaram a socorrer o Cleriston antes da chegada de socorristas, mas ele não resistiu e morreu no local.

Feitas estas considerações ficam a perguntas sobre quais as razões as emissoras de Televisão, Rádio e Jornais, não noticiaram, em manchetes nacionais, o fato de que um brasileiro, preso sem crime, formalmente imputado, morreu na prisão.

Por que os Grupos de Direitos humanos, a OAB, os movimentos sociais, guardaram silencio?

Por que nós, brasileiros, povo, não reagimos e permitimos que fatos como estes aconteçam sem que sejam questionados de maneira contundente?

Por que estamos com medos se, de nós emana todo poder e, em nosso nome, ou diretamente, deverá ser exercido?

O Estado brasileiro, como responsável pela vida deste cidadão, diante se sua morte com certeza irá indenizar a familia.

Mas o peso das moedas, por mais volumoso que seja ,não será capaz de trazer de volta, para o convívio dos seus entes queridos, o marido, o pai, o filho, o irmão que morreu, de morte súbita, enquanto tomava banho de sol no Campo de Concentração da Papuda.

Mas a história com seu juízo é implacável e estabelecerá a verdade, da sua maneira e no seu tempo.

E, com certeza, a construção que, hoje ,estamos fazendo, será mostrada na sua pureza e na sua verdade, para os que virão depois de nós que, com certeza, ficarão vermelhos de vergonha, por saberem como nos portamos com nossos silêncios e com nossos medos....

(Recanto da Ana e do Erner 24.11.2023-Capão Novo)

ERNER MACHADO
Enviado por ERNER MACHADO em 24/11/2023
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