Memórias
Fico pensando nas minhas tias.
Bem, tias mesmo conheci três, Tias Maria. Conceição Donana.
Havia uma que conheci de relance, chamava - se Lília. Vivia sempre deitada. E não nos era permitido perturbar seu
descanso.
Nossa casa era enorme. Suntuosa como os sonhos do meu pai. Isto dificultava nosso acesso a essa parte da casa.
Vez outra ouvia os gritos da minha avó: Não minha filha. Por favor não vá. Soluçava em desespero.
Ouvia também os cochichos:
Você vê? Ela não deixa a pobrezinha morrer em paz. Outro retrucava: isto é inaceitável.
Eu ficava com tanta pena daquela velhinha que chorava, tão desesperadamente.
Tia Lília se foi num dia ensolarado, cujos raios faziam brilhar as lágrimas da minha avó.
Meu irmão me pegou pela mão e me levou para ver o cortejo passar. O mesmo carro tipo camionete. Coberto de seda preta, e pingentes dourados.
Eu chorava. Não pela minha tia. mas sim pelo velocípede que não me deram.
Meu pai fez um sepultura para a família e o dedicou à família.
Minha tia Lília, nos encontraremos um dia.