COISAS DE MULHERES
Na rotina descompromissada, nuances singulares se revelam. Às vezes, o pincel do blush testemunha a cor da última semana, enquanto um resquício de terra persiste abaixo da unha que, por ora, serve como traço de memórias vividas.
Cabelos soltos dançam no banheiro, uma coreografia despreocupada. A maquiagem, mesmo vencida, carrega consigo vestígios de histórias contadas através de cores e nuances, enquanto um rápido cheiro nas axilas se torna um ritual íntimo, uma auto afirmação antes de enfrentar o mundo.
O sutiã, lavado na cadência de seu próprio tempo, é uma lembrança suave, não apenas de sustentação física, mas também da liberdade de escolher quando renovar energias. Coçar caspas é um gesto familiar, uma conexão íntima com a própria essência.
A calcinha na bolsa é mais do que uma peça esquecida; é um símbolo de imprevisibilidade, pronta para emergências inesperadas. Brincar com os cabelos é um convite ao autoencontro, um ato de carinho consigo mesma. E aquecer as mãos na calcinha, uma maneira discreta de buscar conforto em meio ao frio.
Assim, nas peculiaridades do cotidiano feminino, desenha-se uma narrativa de autenticidade, onde a aceitação de cada detalhe é uma celebração da própria humanidade.
Tião Neiva