A passos largos para o passado

A história registra que há uns 7000 anos surgiu um povo X com uma cultura forte que desenvolveu uma religião peculiar no oriente. Havia outros povos primitivos no lugar e eles lutavam entre si para se estabelecer no melhor espaço. Um oásis naquelas terras áridas era o sonho de todos e a luta por ele era grande.

Eles não tinham rei, mas, imitando os povos da terra, também 'elegeram' um. O povo X guerreou e finalmente conquistou seu naco. Uma imponente cidade já havia se formado ali e o povo X transformou-a em sua capital.

O terceiro rei do povo X construiu um templo para louvor da divindade na qual acreditava. Muitas cerimônias se realizavam ali, inclusive era onde sacrificavam pombas, ovelhas, cabras e novilhas para terem perdoadas suas falhas.

A vida nunca foi fácil para o povo X, como não era para ninguém naquele mundo primitivo.

Séculos depois da conquista, a terra tinha novos invasores. Os invasores do ocidente mantiveram a autoridade local, porém eles eram a autoridade real.

Um certo profeta surgiu por lá, propôs mudanças profundas que não foram bem aceitas e acabou crucificado como desafeto das autoridades locais e invasoras. Crucificar os inimigos era o costume do império dominante.

70 anos depois do incidente, rolou uma fofoca, entre a soldadesca dominante, de que havia muito ouro no templo; não deu outra. Logo o templo foi invadido e todo seu ouro roubado. O povo X resolveu resistir e muitos morreram. Os sobreviventes fugiram para longe, poucos restaram no lugar. Do templo destruído, restou em pé parte de um muro.

O povo X, disperso pelo mundo, conquistou ‘novos adeptos’ para sua fé entre os povos com os quais viveram, principalmente a oeste da região da capital do império.

Coincidentemente, os adeptos do profeta crucificado também se foram pelo mundo e conquistaram muita gente. O império combateu ferozmente os ‘novos crentes’, queimando-os vivos em fogueiras e promovendo espetáculos de luta entre eles e leões famintos, porém isto não foi suficiente para fazê-los desistir. Na impossibilidade de derrota-los, o império o assimilou se juntando aos ‘novos crentes’. Agora o novo inimigo eram os ‘novos adeptos’ do povo X, amiúde acusados de serem os responsáveis pela morte do profeta crucificado.

Perseguidos por séculos pelos povos do oeste, os ‘novos adeptos’ acabaram convencidos que voltar ao oriente 2 milênios depois seria a solução.

Ocorre que um segundo profeta havia surgido durante a ausência do povo X, outra divindade havia sido apresentada ao oriente, a antiga capital e território tinham novos donos, um templo majestoso ocupava o lugar do antigo e um pequeno contingente do povo X ainda vivia por lá, aparentemente em paz com a nova cultura.

Os ‘novos adeptos’ decidiram que se instalariam a qualquer preço, mesmo que fosse necessário eliminar os moradores; estes são os gritos de dor e pranto que a humanidade ouve impotente há quase um século, vindos daquelas bandas, visto que os ‘novos adeptos’ estão determinados, bem armados e protegidos pelo maior e mais poderoso grupo dos ‘novos crentes’. Levando em conta que as divindades pelas quais oram os litigantes de fato existam, imagino-as assistindo indignadas as carnificinas que se desenrolam em seus nomes.

Usando armas moderníssimas, os mais fortes querem voltar a passos largos ao passado, o quanto antes. É meta reconstruir o templo, onde pretendem voltar aos sacrifícios de animais e já os criam para tal finalidade.

Haja animal sacrificado para perdoar tanto pecado dos bichos humanos.