Vampiros Existem

Na era em que sombras e realidades não mais se entrelaçam, o Conde Drácula perdeu seus dias de glória, pois os sugadores de sangue, seus seguidores, assumiram uma faceta singular. A estirpe tão fiel, aos poucos, tornou-se diferente. Em vez da tradicional sede por hemoglobina, eles buscam algo mais sutil, algo que corre nas veias do ser humano de forma invisível, mas não menos vital: a energia da vida.

Não era noite imersa na penumbra, não havia cruzamento limiar entre o conhecido e o desconhecido. O sol, majestosamente com seu esplendor, se fazia presente, iluminando tudo, porém, às vezes, coisas ruins acontecem em meio à luz, e o mal nem sempre está do lado de fora. Por vezes, o deixamos entrar, a princípio sem nos darmos conta de toda a sua maldade. Assim eu fiz. Aceitei-o sem saber, e eu, uma ingênua nata, mas cheia de vitalidade, embarquei numa viagem sem rumo, que me levou a ruas de cidades desconhecidas, cujos edifícios, a princípio, para mim eram tão distintos, mas com o passar das horas pareceram iguais em cor e forma.

Sentado à minha frente, olhos cor de âmbar notaram-me fixamente. Deixei para lá e evitei o contato, no entanto, fui atraída novamente pela sensação de alguém a me observar. Mesmo de costas para mim, ele me perseguia com o olhar. Senti-me como uma presa totalmente desprotegida perante o ser que me observava.

Na mesma proporção que avançávamos pelo caminho, mais eu me sentia esgotada. Apesar de ter dormido muito bem na noite anterior, eu estava no ápice da exaustão. Percebi que acossado a mim, o sugador de energia que me encarava roubava toda a minha vitalidade, como consequência, um sono... o sono da morte se fixou em mim e eu dormi, dormi tudo e muito além do que um ser humano consegue.

Vampiros existem, e a mudança de apetite deles só solidifica a evolução da espécie. Eles agora preferem a vitalidade que emana dos vivos, um elixir intangível que reside nos suspiros da alma. Em vez de perfurar minha carne à procura do meu sangue, dançou com o olhar ao meu redor, absorvendo a minha vitalidade, deixando-me mórbida em estado letárgico.

Os abismos não são apenas noturnos; existem os diurnos, escondidos em sorrisos largos e envolventes. Muitos olhares cor de âmbar escondem a podridão do ser que suga a vitalidade dos outros. Os vampiros, agora mais do que nunca, são seres que transcenderam as lendas, atuando como pessoas comuns.

Daniele Pereira
Enviado por Daniele Pereira em 21/11/2023
Código do texto: T7937063
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