Seja bem-vinda, Chuva!
Hoje o céu “empretejou” lá pelas bandas da cidade de Luz… o vento começou a soprar em Lagoa da Prata. Eu corri, fechei as janelas para não sujar a casa de poeira e me sentei na varanda.
- Cassia, cadê você?
- Estou na varanda esperando a chuva!
E me afundei na cadeira, observando o prenúncio da chuva. A magnólia que mora na calçada balançava a copa e os arbustos do jardim pareciam dançar a “ dança da chuva”. Uns raios riscando o céu e outros que não via, mas sabia que tinham riscado, pois os trovões ribombavam. Lembrei-me do papai que gosta de brincar: “São Pedro está tirando retrato… agora está arrastando os tamboretes!”
Uns poucos pinguinhos começaram a cair. Minha fé não me fez descrente de que a chuva não viria… fiquei firme no propósito de saudar a chuva. E essa caiu generosa, trazendo seu hálito bom e a boa temperatura, depois de muitos dias de calorão. A cantilena das biqueiras são pura música para mim, que estava sedenta da chuva. Um novembro atípico, seco e encalorado! Ah, mas esqueça disso, menina - digo pra mim mesma! Afinal, a chuva está cantando! Vá lá dentro buscar seus barquinhos na gaveta da fantasia e sonhar seus sonhos náuticos! Faça-os velejar nas valas da rua! Mas cuide para que não naufraguem na madureza da vida! Que os ventos os levem ao mar aberto!