Foi um longo caso. Ficamos juntos por quase seis anos, tínhamos papel passado e tudo.
Quando o conheci, meu filho tinha uns cinco anos, de modo que ele me ajudava a levá-lo à natação, judô, nas festas da escolinha e tudo o mais.
Íamos a quase todos os lugares juntos. Passeávamos, fazíamos compras, pequenas viagens, até às consultas médicas, tanto minhas como às de meu filho, ele me levava.
Era um companheiro fiel e infalível, com quem eu podia contar a qualquer hora do dia ou da noite.
Acho que se eu decidisse ir até o fim do mundo ele iria comigo. E, cá entre nós, acho que as outras tinham um pouco de inveja de mim, pois, além disso tudo, ele era lindo.
Mas, com o tempo, percebi que estava ficando muito dependente dele. Por mais intenso que seja um relacionamento, ou justamente por ser tão intenso, chega uma hora que nos sentimos sufocar.
Sim, é isso! Havia momentos em que eu sentia necessidade de andar sozinha; respirar o ar frio da manhã, sentir a brisa no rosto, ou a chuva molhando os meus cabelos. Não queria tornar-me tão dependente; queria andar por minhas próprias pernas, ir até onde elas me levassem.
Sei que não será muito fácil, que sempre me lembrarei dele e dos bons tempos que passamos juntos.
Mas a vida é assim, às vezes precisamos dar um tempo num relacionamento.
Hoje, finalmente, tomei a decisão: vendi meu carro!