Floresta em chamas e inundações.
Era uma vez, um reino encantado, de povo bondoso e carinhoso. E era seu rei e sua rainha seres elegantes e charmosos sempre a ataviá-los indumentária magnifica a abrilhantar-lhes os belos, esbeltos talhes. E dentre os ministros de Estado de tal reino, uma sapiencial criatura da natureza, híbrida de quelônio e um habitante de outro planeta, diante de dois fenômenos naturais que devastavam o reino, no norte o fogo, que pulverizava a sua exuberante floresta, no sul a água, que punha submersas as suas cidades, ao povo com sua voz cativante explicou-os e discorreu acerca das medidas reais que o reino executaria para auxiliar as pessoas pelos devastadores fenômenos flageladas. E foram estas as suas palavras, que tranquilizaram todo o povo do reino encantado: "O fogo queima; a água molha. O fogo queima o que pode ser queimado; a água molha o que pode ser molhado. No norte, o fogo; no sul, a água. O fogo põe em chamas cidades e seca os rios; a água dos rios transborda e põem submersas cidades. Os dois fenômenos convergem para um, e o mesmo, ponto, que é único, e sendo único, e porque único, é indivisível, e reunidos em sua unicidade solitária transfiguram-se na ordem caleidoscópica da estrutura do cosmos, que ainda não principiou seu estado de entropia universal, vindo a perfazer um emaranhado quântico quadridimensional de sutileza equivalente à inteligência espectral de um tubo tetradimensional que abre uma fissura na tecitura enxadrezada do tecido, tricotado pela força cósmica do ovo primevo e primacial, do espaço-tempo temporal e espacialmente unificados num todo imarcescível a solidificar a constituição ígnea e aquática, quente e fria, do edifício sempiterno cujos alicerces sustentam a magnífica alma espiritual do universo e cuja arquitetura reproduz o esplendoroso intelecto da entidade celestial cujas unhas agadanhadas estão firmemente agarradas às franjas das bordas limítrofes do infinito território holográfico dos corpúsculos infinitesimais atomizados numa gigantesca construção etérea que a mente humana é incapaz de em imaginação conceber e em cognição apreender mental e psicologicamente. Estamos os ministros deste reino encantado e o rei e a rainha atentos para os males que o fogo e a água estão a realizar, e temos ciência de que temos de ao povo, que muito amamos, deste reino encantado dizer: acostume-se com o fogo e a água, o fogo a queimar, a água a molhar, pois, afinal, além de o fogo e a água serem fenômenos naturais, estamos a enfrentar mudanças climáticas irreversíveis. Habitue-se com as desgraças que a natureza está a empreender. E fortaleça-se. E para auxiliar o povo, que tanto amamos, o rei e a rainha sua consorte instituem um imposto sobre as desgraças que o fogo e a água estão ao povo a provocar; assim, com os cofres repletos de moedas de ouro, de prata e de bronze, o rei e a rainha, a secundá-los todos os seus ministros, correrão mundo a exibirem para reis e rainhas de todos os outros reinos imagens dos flagelos que atingem o nosso reino. E assim todos saberão o que em nosso reino se passa com o povo, e o povo, ciente de que o mundo sabe o que aqui se passa, encontrará a paz de espírito que com tanto ardor e fervor procura."