ARMADO ATÉ OS DENTES

Ainda no interior do ônibus, já estava agoniado, outra vez atrasado para a aula na faculdade, assim que desci na parada já percebi a arrumação, a rua estava deserta e com pouca iluminação, mas, mesmo assim, a uma certa distância deu para visualizar que não se tratava de bandidos, mas sim, uma bandida, armada até os dentes, com lábios de alto calibre, um olhar fixo mirando em minha direção, até pensei em fugir, tentar reagir, mas já estava rendido e, nesses momentos, não há muito o que se possa fazer.

Foi, indubitavelmente, um crime brutal, com requintes de crueldade, a bandida, sem a menor compaixão, me judiou bastante, disparou em mim um sei lá o que asfixiante que anestesiou-me até a alma, perdi, por várias vezes, o sentido, meu mundo girou, ficou de ponta-cabeça.

Minutos após o crime, tentei logo me recompor, mas faltava pernas, eu suava frio por um momento, ficava sem voz e quando conseguia falar, as palavras soavam desconexas, também, após sofrido tamanha violência, não há ser humano que resista e reaja bem a tanta barbaridade.

Não farei um B.O. pois, não tenho como provar nada, a meliante não deixou vestígios e nem marcas aparentes, apesar de, um coração dilacerado e pulsando em desalinho, descompassado e sangrando por dentro, inundando minha alma.

Além da aula, também perdi o juízo, não respondo mais por mim, nem por ninguém, só penso em vingança a todo o momento, vou contratar um detetive, reencontrar a sujeita e fazê-la pagar na mesma moeda por esse crime insano. Já está planejado, ela não perde por esperar, em um beco qualquer estarei a espreita, armado até os dentes.

GILMAR SANTANA
Enviado por GILMAR SANTANA em 18/11/2023
Reeditado em 19/11/2023
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