ALEGRIA DE UMA COMEMORAÇÃO (*)

Eu vi... Eu senti... Eu invejei...

Eu vi e senti uma demonstração sincera de uma alegria. Eu vi e senti a satisfação contagiante vinda do interior d’alma de pessoas simples mas com o coração cheio de amor, estima e respeito.

Eu vi essa alegria e reverência vinda da alma... Vindas do interior do peito, sem precisar do clarear das luzes dos holofotes e da tocata dos sinos da catedral.

Eu vi um beijo de amor fraterno de uma filha que respeitava o pai.

Eu vi um diálogo franco e respeitoso dos jovens para com o mais velhos.

Eu vi uma gratidão desenhada em rostos sem mágoa.

Eu vi um valor das coisas simples, de pessoas simples que valorizavam o simples.

Eu senti o porquê e o valor das pequenas coisas conquistadas que se tornam grandes.

Eu vi e senti o batalhar de uma jovem em busca de seu espaço.

Não vi o estrondo ou estouro de fogos de artifícios, mas vi o amor e alegria gravada na face de pessoas que se amam. Eu senti que elas se amam sem cobranças, com respeito e ainda com o coração puro e sincero para com as pessoas que as rodeiam.

Não vi o pipocar e estouro borbulhante do vinho das garrafas de champanhe nem o tilintar das taças com vinho rose. Não vi uma decoração de flores e frutas tropicais distribuídas pelos quatros cantos de um salão repletos de mal amados. Mas vi enfeites de amor para uma noite de celebração da alegria, com enfeites de carinho. Lá estava à mesma alegria verificada nas bodas de Canaã, que contam o evangelho, quando a mãe maior pedira ao amado filho para complementar o brinde dos convidados.

O espaço do acontecimento tornou-se enorme, tanto quanto era enorme o carinho dos promotores, à exaltação do belo, do bom e do simples. O tempo voou rapidamente devido ao júbilo, a consideração espontânea, bonita, honesta e, sobretudo por ser uma reflexão vinda da alma.

Então pude compreender e ver a beleza de um bosque sem intimidar com aqueles que só vêem a lenha podre que serve para a fogueira.

Essa alegria invadiu meu ser. A emoção soltou-me aos olhos que lacrimejaram. Nessa hora, invejei...

Invejei aquela alegria e aceitação da simplicidade como algo muito maior que a grandeza e o luxo-lixo da frieza, da visão fúnebre da maldade, da ingratidão, da intolerância, do pseudo-amor, do pseudocarinho e das falsas orações de louvor e agradecimento funestos.

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(*) O autor é Bacharel em Letras, formado pels UNIPAC - Universidade Presidente Antônio Carlos.

E-mail: edsong@uai.com.br