O chapéu de Alberto

Era o ano de 1980, e eu participava de uma excursão ao Rio de Janeiro com a turma de formandos daquele ano. Você certamente deverá se lembrar e não faz tanto tempo assim. Já se passaram mais de quarenta anos. E eu ainda lembro muito bem os locais por onde fomos conhecer. Dentre eles a Cinelândia, Botafogo, Aterro do Flamengo, Tijuca, Jardim Botânico, Ipanema, Copacabana, Paquetá, Maracanã, Aeroporto Santos Dumont, Ponte Rio-Niterói, Morro da Urca, Corcovado, Museu e Petrópolis. Neste ano fomos a Petrópolis e visitamos a Casa Museu de Santos Dumont, o inventor, o Pai da Aviação. É uma pitoresca residência incrustada em uma localidade íngreme na cidade construída em 1918. A rua escolhida é hoje chamada de Rua do Encanto e, em Petrópolis, a casa foi apelidada como "A Encantada". Foi construída com ajuda do engenheiro Eduardo Pederneiras. A casa possui algumas peculiaridades, como uma de suas últimas invenções que é o chuveiro com água quente, o único do Brasil àquela época, sendo aquecida a álcool, e também a escada externa onde se pode somente começar a subir com a perna direita, e a interna que se pode somente começar a subir com a perna esquerda, e a própria arquitetura da casa onde não é utilizada divisórias entre os cômodos. Na casa não há cozinha e Santos-Dumont ligava para o restaurante Palace Hotel entregar sua comida. Hoje existe a Universidade Católica de Petrópolis no local onde havia o restaurante. "Conta-se que em 1910, Santos Dumont sofreu um acidente em um de seus novos modelos do Demoiselle, em Paris, e por isso decidiu aposentar-se, sua saúde não suportava mais o risco que envolvia o seu ofício. Nessa época ele também foi diagnosticado com esclerose múltipla, doença que até hoje não possui cura. Nessa mesma década, Dumont viu sua invenção ser usada na Primeira Guerra Mundial, o que o perturbou bastante. No período da guerra, ele ainda foi falsamente acusado de ser um espião alemão, mas foi constatado que era inocente. Esse episódio e o agravamento de sua condição de saúde fizeram com que ele decidisse retornar ao Brasil. Os últimos anos da vida de Santos Dumont foram marcados pela depressão, e por isso ele passou por diversas clínicas de repouso na Europa e no Brasil. A péssima situação de sua saúde física e mental fez com que ele fosse passado aos cuidados de seu sobrinho Jorge Dumont Vilares. Tio e sobrinho instalaram-se em um hotel no Guarujá, interior de São Paulo, mas o estouro da Revolução Constitucionalista contribuiu para abalar mais a saúde mental do inventor brasileiro. Acredita-se que, no dia de sua morte, aviões sobrevoaram e bombardearam alguma região próxima de onde Santos Dumont estava. Perturbado com a cena de um avião promovendo destruição, Santos Dumont aproveitou-se da breve saída de seu sobrinho e cometeu suicídio, no dia 23 de julho de 1932, aos 59 anos de idade." O Chapéu de Alberto conta a história de uma menina que foi grande amiga de Santos Dumont. Antes mesmo de aprender a escrever, ela já criava histórias e as contava para o inventor, que as ouvia com atenção, aprovava ou reprovava. Essa amizade foi fundamental na vida dessa criança e a incentivou a prosseguir em sua trajetória. Mais velha, sofreu muito ao saber da morte do amigo, a quem não via há bastante tempo. O vínculo entre eles, porém, foi forte o bastante para superar todas as barreiras.

Benedito José Rodrigues
Enviado por Benedito José Rodrigues em 14/11/2023
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