CRÔNICAS - A VIDA COMO ELA É...
Crônicas ...
A vida como ela é...
Um dia de volta ao sítio onde eu nasci, km 5 como era chamado... pois no interior alguns chamam a tal fazenda de Ouro Verde... pois tinha milhões e milhões de pé de café até 1970, quando começou uma tal doença chamada ferrugem e dai o governo mandou queimar tudo... e cada pé ganhava 50 centavos de cruzeiro e acredito que os meus tios receberam tal mixaria para destruir tudo...
Quando passei por aquele espaço quando criança que ajudei a plantar tais pés de café me veio uma saudade imensa de ver aquela novela do Rei do Gado, onde o rei do café interpretado por Raul Cortez, e vendo aquele cafezal me lembrei correndo entre as plantas brincando de esconder...
Também me lembrei uma vez que um menino que queria tanto a minha caminhonete feita de madeira pelo meu pai e que ele roubou e quando o vi corremos por pelo menos 1 km e eu quase o alcançando ele jogou na mata cerrada que ninguém teria coragem de ir lá dentro buscar tal brinquedo...
Brigamos por causa de um brinquedo de apenas alguns tostões de madeira feita pelo meu pai, mas quando o irmão mais velho dele veio me agredir...peguei um pedaço de galho de pé de café e rasquei o braço dele que precisou ser levado ao médico da cidade para efetuar o curativo e os pontos necessários...
Dai o meu tio queria saber o motivo da briga, e eu expliquei que o filho de antigo empregado da fazenda que inclusive nasceu ali mesmo naquele sítio também tinha me roubado a caminhonete de madeira...
Como os meus tios eram rigorosos, disseram que iam mandar toda a familia deles embora da fazenda, e claro que sou ariano, mas não vingativo que mostrei onde o menino jogou o tal brinquedo... e dai o meu tio corajoso entrou naquela mata... onde poderia ter cobras e outros animais peçonhentos e trouxe a minha caminhonete de volta...
Você acredita que dei a caminhonete a quem roubou e pedi para que o meu tio não o mandassem embora que eu mesmo nem mais queria o tal brinquedo, pois toda a criança adora o brinquedo enquanto é novo ou quando ganhei brincava com ele o dia todo... mas agora depois já de um bom tempo ficava aqui ou acolá esquecido e onde esse menino achou e pegou e fugiu com ele...
Enfim me lembro que ficaram bem mais uns dez anos na fazenda... mas assim que todo o cafezal sumiu os 150 colonos que moravam na fazenda foram todos dispensados e todos foram embora e assim as casas de madeira ficaram para trás e as lembranças me chegam vendo como tudo era perto e agora a casa onde eu nasci consigo tocar no teto... pois o teto esta apenas a 2,00 metros de altura e a lampada que eu precisava de uma escada para trocar... dá para trocar sem a escada...
Passei pela lagoa que devido a invernada que virou tal fazenda acabou secando e só tem um areal e ficou sem mato algum e tiveram que fazer poço artesiano para o gado que cuidam agora na fazenda e claro que a quantidade de peões é bem menor...
Andei um bom espaço matando a saudade, do caminho que eu fazia para ir a escola a 3 km lá próximo a estrada vicinal de terra batida de Martinópolis a Teçaínda ou Km 18, onde tinha um vilarejo , uma especie de cidade onde tinha até alguns comerciantes... mas que agora nada mais existe a não ser as casas abandonadas e tudo em volta apenas terrenos vazios sem plantação alguma...
Triste ver que todos se mudaram para a cidade de Martinópolis ou demais cidades da região para tentar a vida na cidade... tentado sobreviver sem nenhuma profissão a não ser de lavrador com pouco estudo e dai como serviçais para limpeza ou em busca da sobrevivência que talvez hoje recebam tal auxilio emergencial ou bolsa família para poderem sobreviverem!!!
Dou graças a Deus de ter em 1955 saído do sítio, para a tal cidade de Martinópolis, onde ainda menino comecei a trabalhar no escritório de despachante do Sr. Imamura, que era vereador na cidade e do seu sócio José Acorsi, onde comecei como auxiliar com apenas 11 anos de idade, mas já tinha experiência em vendas de produtos para animais pois no começo fui ajudar Sr. Manoel Alagoano que tinha uma Selaria onde vendia produtos para andar a cavalo, e dai aprendi a saber os códigos de compra e venda dos produtos, e o velho Manoel alagoano já com seus 90 anos...dizia que deveria aumentar o valor para os pechincheiros... e dar um desconto que estaria vendendo pelo preço estabelecido mesmo com tal desconto...
Aconselhou-me que deveria convencer ao meu pai comprar a Selaria e assim eu e a minha mãe poderíamos tocar o serviço que eu já sabia e o meu pai que aprendia a profissão de fotografo com o único fotografo da cidade... e assim foi o meu pai negociar de comprar tal Selaria para eu e a minha mãe tocarmos em frente e o meu mais mais tarde desfez de tudo e a casa em que morávamos nos fundos fizemos uma loja fotográfica... e onde aprendi a profissão de fotografo com apenas 8 anos e aos 11 já estava no escritório de despachante...
Nota do autor:- Jamais esqueça tudo que aprendes na vida, pois um dia poderás precisar de tudo que aprendestes nessa vida que podem surgir surpresas agradáveis ou desagradáveis e perder tudo que tens menos a sabedoria de vender seu melhor produto... você mesmo!!!