Rodeando o Pote
SEMPRE que estou sem assunto fico rodeando o pote, conversando besteira comigo mesmo, às vezes até telefono para amigos para recordar o passado. O motivo de ficar assim quase fugindo dos assuntos do momento é que não estou conseguindo mais assistir aos noticiários, não dá para segurar a indignação com o horror da guerra, essa confusa reforma tributária, o esquentamento do planeta, a violência, os acordos com o centrão, essa viagem de rosca que vai trazer os brasileiros de Gaza, programação antecipada do carnaval e babaquices das chamadas celebridades.
Por isso prefiro ficar rodeando o pote e recordando o passado. Na verdade, o homem é tempo e saudade, o que vale mesmo são as suas raízes, o que ainda i segura é a memória. Portando fico aqui no meu cantinho lembrando minha Região e meu passado. Sempre nessas ocasiões lembro um soneto do poeta pesqueirense Luiz Cristóvão dos Santos:
“Aí chão da minha infância iluminada/ No sol vivo do agreste e do sertão/ Hoje nem sei se é paraíso ou chão/ Aonde tenho a minha alma enraízada!// Tocadas de mistério e magia/ Quixabeiras em flor, nesta paisagem!/ O riacho desliza e na viagem: Desfaz em espuma a sua nostalgia!:// Se recuo no tempo da lembrança/ A primeira que chega, sem tardança./ É a voz de minha mãe me acalentando!// Aí terra que teceste o meu destino/ Pois, homem feito, volto a ser menino/ até querendo, te amando, te lembrando!”.
Adoro recordar meu passado, William Porto. Inté.